COI e o esporte em xeque
Data: 17/mar/2017
Por: Ricardo de Moura
A guerra entre Rússia e Ucrânia coloca todos os segmentos da sociedade global em xeque.
O esporte não consegue fugir disso, obviamente.
Nem o Comitê Olímpico Internacional (COI).
No final de 2020 a estrela do basquete bielorrusso e duas vezes atleta olímpica Yelena Leuchanka foi presa e torturada por participar de protestos de rua contra o governo de seu país.
O fato incentivou o COI a impor sanções ao presidente Alexander Lukashenko, que também era chefe do comitê olímpico Bielorusso.
Sob recomendação do COI, em todos os esportes, atletas e autoridades da Bielorrússia e da Rússia foram banidos de eventos internacionais após a guerra Rússia-Ucrânia.
O mundo do esporte que salvou Leuchanka agora a abandonou. Ela não é a única.
Importantes atletas russos se arriscaram ao falar publicamente contra a invasão na Russia.
O novo número um do mundo do tênis masculino, Daniil Medvedev, corre o risco de não participar do Aberto da França.
Conhecendo o perfil do líder russo, Putin, eles poderão ganhar como prêmio a convocação para lutar no confronto.
O COI não pode mais afirmar que opera acima da política.
A Trégua Olímpica – uma resolução das Nações Unidas apoiada por um número esmagador de nações antes de cada Jogos Olímpicos e Paralímpicos – foi quebrada pela Rússia três vezes nos últimos 14 anos, com a invasão da Geórgia durante os Jogos Olímpicos de Pequim 2008, a Crimeia durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi 2014 e a Ucrânia antes dos Jogos Paraolímpicos de Pequim.
A Russia rebate afirmando que os Estados Unidos promoveram a invasão, sob a justificativa de “paz mundial”, em pelo menos 5 vezes: Afeganistão, Iêmen, Iraque, Vietnã e Siria.
Sem a contestação do COI.
Alex Ovechkin, jogador da NHL e apoiador de Putin, três vezes medalhista de ouro no campeonato mundial, disse em uma coletiva de imprensa que tinha amigos tanto na Rússia quanto na Ucrânia.
“Por favor, chega de guerra. Não importa quem está na guerra – Rússia, Ucrânia, países diferentes – temos que viver em paz”, disse ele.
A liberação de atletas russos na participação esportiva, segundo o COI provoca uma injustiça: enquanto atletas da Rússia e da Bielorrússia poderiam continuar participando de eventos esportivos, muitos atletas da Ucrânia estão impedidos de fazê-lo por causa do ataque ao seu país.
Um dilema e uma tragédia.
A política não fica fora disso.
Os próximos três Jogos Olímpicos de Verão serão realizados em países que estiveram à frente das sanções e ações de retaliação contra a Rússia – França, Estados Unidos e Austrália.
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