A natação americana

O destaque na natação em Tóquio foram os Estados Unidos.

Fato que ocorre há décadas.

Os Estados Unidos, o primeiro no quadro geral, tem 25% das medalhas provenientes da natação.

Em razão do número de provas, atletismo e natação são modalidades estratégicas.

Sempre a mesma questão: Qual a razão da hegemonia americana na natação?

São muitos fatores.

Normalmente, as pessoas pensam em número de população. Não é só isso.

Se fosse assim, China com 1,45 bilhão e Índia com 1,38 bilhão seriam imbatíveis. Os USA tem 330 milhões. E a Australia, segundo lugar em medalhas na natação, tem 25 milhões.

A razão do sucesso não são fatos isolados. É o conjunto de fatores que pesa no resultado.

A começar, é impressionante o número de excelentes instalações esportivas.

Sem falar nos Centros de treinamento e pesquisa, como Colorado Springs.  Ter acesso a boas instalações é uma grande vantagem. Mas não é a única.

A natação pode não ser o esporte mais popular. Mas possui atletas que entram no rol dos mais populares do mundo, como os americanos Mark Spitz, Katie Ledecky, Michael Phelps e, agora, Caeleb Dressel (ganhador do maior número de medalhas de ouro em Tóquio). Isso vai solidificando uma história e deixando um legado de inspiração a novos atletas.

Junto à população, excelência nas instalações e legado, está um sistema universitário muito forte associado ao apoio esportivo.

Excelentes universidades que garantem a formação do atleta, distribuem bolsas de estudo, apoiam o desenvolvimento esportivo e atraem jovens do mundo todo.

Transformam o sistema no mais competitivo e atraente do planeta.

O americano respira esporte. É cultural.

O povo todo tem acesso à prática esportiva. As cidades oferecem as práticas da natação como fator de segurança, incentivam o aprendizado e o desenvolvimento do esporte.

A US Swimming dividiu o país em cinco regiões e criou a Competição Futuros, com índice de participação, aberta para todas as idades, onde cada uma das regiões tem um limite de participação de 800 atletas.

Nesse nível, os atletas geralmente se tornam membros da US Swimming, e provavelmente constituem a maioria da base de 400.000 membros da instituição americana.

O próximo passo é participar de uma equipe com nadadores de maior nível, na disputa de campeonatos nacionais, representar suas Universidades ou fazer parte da Seleção Nacional Júnior.

No patamar seguinte estão os nadadores de elite. Esses atletas nadam pela faculdade (ou o fizeram em algum momento), competem na Seleção Nacional e podem estar treinando para as seletivas olímpicas americanas.

Esses nadadores de elite são modelos para atletas nos níveis inferiores da pirâmide e desempenham um papel na atração de novos atletas para o esporte e ajuda a trazer mais financiamento para a natação dos EUA. Esse financiamento ajuda a pagar as bolsas mensais da equipe nacional, bem como sua participação em clínicas e competições de natação.

O calendário nacional tem competições de alto nível técnico. Campeonato nacional forte gera seleção nacional forte.

Os EUA tiveram a maior equipe de natação em Tóquio, entre todos os países. 50 nadadores representantes de mais de 30 equipes americanas.

Tão importante quanto os outros fatores, está a figura do técnico. O nadador não consegue se fazer sozinho. Com tanta competitividade, o nadador de excelência é produto do trabalho de um técnico de excelência.

O sucesso americano não é conjuntural. É estrutural.