Muito mais que medalhas
Gotas de reflexão
Por: Ricardo de Moura
Data: 09/SET/2023
Quando se trata de competições internacionais, as medalhas são importantes. Ainda mais em Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos.
Quando se trata de um resumo, as medalhas são apenas um indicador do desempenho de um atleta, técnico, equipe ou país.
Quando se trata de Mundial Junior é mais do que medalhas. É tentar dar sentido ao desempenho dos atletas e a perspectiva do futuro do esporte no país.
Os nadadores que obtiverem melhores desempenhos na classe Junior, a nível internacional, terão maior probabilidade de atingir um padrão mais elevado na classe sênior. Uma progressão anual de desempenho no júnior interfere positivamente nas chances de sucesso na classe absoluta.
No Campeonato Mundial Junior em Netanya (ISR) estiveram presentes 648 atletas representando 93 países.
21 países ganharam medalhas. 15 países ganharam medalhas de ouro.
Como é a categoria Junior, se faz necessário uma análise mais abrangente: o número total de medalhas é importante. Os países com o maior número de medalhas foram: 1- USA, 33 (15 de ouro, 11 de prata e 7 de bronze); 2- Austrália, 24 (9 de ouro, 7 de prata e 8 de bronze); 3- Canadá, 13 (2 de ouro, 7 de prata e 8 de bronze); 4- Itália, 12 (4 de prata, 8 de bronze); 5- China, 9 (1 de ouro, 4 de prata, 4 de bronze); 6- Japão, 7 (1 de ouro, 3 de prata, 3 de bronze).
Ainda, o número de participações em finais: 1- USA – 60; 2- Canadá – 38; 3- Austrália – 37; 4- Itália – 36; 5- Japão – 25; 6- China – 12; 6- Coréia – 8- Espanha – 10.
O Brasil não conseguiu medalhas (tal como 2017). E teve o mesmo número de finais que o Kazaquistão, 6. Só que outro dado importante é o número de participantes e o resultado obtido. O Kazaquistão teve uma delegação de 6 nadadores. O Brasil, 11 nadadores.
A China levou uma delegação de 9 nadadores e conseguiu 9 medalhas e 12 participações em finais.
O esporte de alto rendimento é, por natureza, sério e honesto. Analisar os resultados de forma negligente não vai ajudar o futuro.
Culpar a falta de dinheiro, pessoas e sistemas é fácil: mas ignora a questão principal: os atletas tiveram um desempenho melhor ou pior na competição que seus resultados pessoais? O sistema de alimentação de novos valores está ao nível da realidade internacional? Nosso planejamento está no nível de crescimento da natação mundial?
O que é necessário durante o processo de avaliação do desempenho é um compromisso de todos os envolvidos com a honestidade, frieza, objetividade, integridade e desejo de melhoria contínua.
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Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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