Falta de transparência não tem nacionalidade
Gotas de reflexão
Por: Ricardo de Moura
Data: 28/SET/2023
As instituições esportivas, de uma forma geral, vivem de APARENCIA.
Falta muito para que haja TRANSPARENCIA.
Quem são os culpados por isso? Todos. Pelo silencio, pela omissão, pelo medo de represálias, pela covardia.
O silêncio já levou a ditaduras, guerras, perdas e choros. Quem cala, consente, quem se omite, concorda… ainda que não concorde.
O silêncio não diz nada. Falar para si mesmo ou pelos cantos, sem barulho, para questionar, falar mal e não se expor é, no mínimo, covardia. E covardia leva ao silêncio dos inocentes. A quebra de silencio deve ser feita de forma sistemática, sempre e quando houver alguma coisa fora do contexto.
O timing do “se fazer ouvir” é fundamental. Prevenir, lutar pelo correto.
Quando vozes surgem – não apenas gritinhos e intimidações, falamos de vozes – o bom é ouvi-las, refletir e tomar uma posição ante ao que expõem. Mas posição não pode ser o silêncio contemplativo, silêncio é concordância.
Neste espaço já tive a oportunidade de falar sobre isso algumas vezes.
O que leva uma instituição esportiva a demitir seu técnico logo após medalha em mundial, sul-americano, recordes e conquistas históricas?
O que faz uma instituição fazer com que a principal nadadora, convocada para os Jogos Pan-americanos, perca dias de trabalho pela situação de seu técnico?
O fato ocorreu com o Prof. @+54 9 3487 55-1587, do Clube Independente de Zárate – Argentina, onde treina Agostina Hein (medalha de bronze no Campeonato Mundial Junior e campeã sulamericana).
Não é o primeiro e único.
Na triste história, o mesmo cenário: falta de transparência – o Presidente afirma que “o profissional havia sido desligado por haver descumprido reiteradas vezes o estatuto do clube”, incredulidade, revolta dos pais, falta de sensibilidade, desencontro de informações, futuro incerto, esporte em risco… .
Ninguém sabia? Quais os descumprimentos? Se, reiteradas vezes, porque não havia comunicado anterior sobre o fato? Demitir logo após os melhores resultados, que elevaram o nome do clube, dentro e fora do país?
Parece, como sempre, problema de origem política.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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