Técnico esportivo é mais que arte ou ciência
Gotas esportovas
Por: Ricardo de Moura
Data: Em, 08/OUT/2023
Ao longo da história, Ciência e Arte foram consideradas estruturas separadas, quase opostas. Técnico esportivo é uma profissão com coração e intenção na busca da excelência esportiva, descoberta e aprendizagem pessoal.
Está claro que o treinamento eficaz é simultaneamente uma ciência e uma arte, no sentido de que o técnico esportivo tem a ver com interpretação e ação eficaz.
(Até mesmo) Einstein disse: “Depois que um certo nível elevado de habilidade técnica é alcançado, a ciência e a arte tendem a se fundir em estética, plasticidade e forma. Os maiores cientistas também são artistas”.
A reflexão sobre o tema emergiu após a demissão voluntária de Renan Dal Zotto à frente da Seleção Masculina de Vôlei. Bastante contestado após insucessos na Liga das Nações e no Sul-Americano, o treinador se despediu da equipe depois de conquistar a vaga nas Olímpiadas de Paris.
Fato que motivou até mesmo pronunciamento de técnicos de outras modalidades. Como Abel Ferreira, técnico de futebol do Palmeiras. Abel sugeriu que a decisão do treinador de vôlei foi tomada por conta da chuva de críticas que ele vinha recebendo no comando do vôlei nacional, e não pelos resultados dos últimos meses.
Renan, um dos maiores jogadores de vôlei da história, escreveu um livro: “Ninguém é campeão por acaso”.
Em uma parte da obra ele explica como ele foi o pivô de um movimento contra o técnico da seleção na época, o sul coreano Young Wan Sohn. Foi ele, inclusive, quem redigiu a carta para o presidente da Confederação, Carlos Arthur Nuzman, para demitir o técnico.
Nuzman não aceitou a carta e demitiu todos os jogadores. Sohn convocou, então, uma nova geração. Pouco tempo depois, Sohn foi demitido, Bebeto de Freitas assumiu e a história todos sabem.
Os movimentos do vôlei, e Renan sabe, começam internamente. Como ele mesmo já foi protagonista uma vez. A pressão externa cresce pelos formadores de opinião que são os colegas de equipe e seleção.
Não há ciência que explique essa artimanha. Tem que ser mais que artista.
Agora, independentemente de análise do mérito, Renan vai tentar cumprir uma menção descrita em seu livro: “Seja fiel às suas convicções, mas nunca se esqueça de reavaliá-las constantemente, porque elas são meramente uma certeza momentânea”.
#esporte #tecnicoesporte #Pressão #ciência #arte
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
Divulgação ISE – Reprodução autorizada pelo autor
O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(s) autor(es).