Custo ou investimento?
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 13/NOV/2023
Campeonato Estadual de Infantil. Cidade de Americana, cerca de 130 km da cidade de São Paulo. Arquibancada tomada por familiares, atletas, nadadores, técnicos, dirigentes e amigos.
No ar, além de um forte calor, a ansiedade e a esperança por classificações e resultados que eram extravasados nos gritos da torcida. Prá um, prá outro, por todos.
Nas conversas paralelas, entre as provas dos futuros valores da natação, muitos temas. Entre eles: fazer esporte competitivo com um alto dispêndio de esforço, tempo, dinheiro, desgaste físico e emocional, é custo ou investimento?
A Formação de atletas de base no Brasil (Exceção ao Futebol) é feita, basicamente, em clubes. No entanto, poucos clubes possuem estrutura, orçamento e missão para cuidar dessa importante tarefa.
Os recursos financeiros nos clubes estão cada vez mais escassos. Existem projetos federais e estaduais que auxiliam no desenvolvimento da formação, mas nem todos os clubes têm acesso, a verba é limitada, falta conhecimento e vontade política para o desenvolvimento dos projetos esportivos.
Mesmo dentre os clubes formadores, sempre existe o questionamento se esse trabalho é um custo ou um investimento, pois nem sempre os atletas formados na base, quando se profissionalizam, permanecem defendendo o clube que os formou. A realidade mostra que a conta acaba caindo para os familiares.
E aí é que entra o trabalho de conscientização. Feito pelo técnico e instituições.
Se os pais e responsáveis souberem a razão de praticar o esporte para além dos resultados esportivos, da importância na formação física e moral dos jovens, do afastamento das drogas, que a prática facilita a socialização, ajuda na disciplina, aumenta a autoconfiança, melhora a concentração, ensina a exercer a liderança e a lidar com a competitividade de forma positiva (aprender com a vitória e com a derrota), É INVESTIMENTO.
Para os que não tiverem essa consciência, É CUSTO.
Aos pais que pensam exclusivamente nos resultados de agora, a tarefa fica mais difícil. Muitos valores são perdidos pelo imediatismo.
Paciência é o nome do jogo. As crianças não se desenvolvem da mesma forma nem na mesma velocidade.
Evitar comparações e focar no seu filho, É INVESTIMENTO.
Focar em resultado a curtíssimo prazo, não entender o desenvolvimento do esporte, esperar resultados fora da realidade, não ter paciência, não consultar quem conhece, É CUSTO.
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Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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