Quando a eficiência é relativa
Análises
Por: Ricardo de Moura
Data: 26/NOV/2023
O assunto não está nos regulamentos.
Da mesma forma que os resultados nas classes menores são relativos, o cálculo de eficiência das equipes nessas classes também segue o mesmo princípio.
Há um caminho enorme a percorrer e o incentivo à participação da garotada nos Campeonatos Brasileiros Infantil é um dos objetivos.
Porque é relativo? Porque uma equipe pode ter um valor muito diferenciado que provocará um desequilíbrio no cálculo da eficiência.
Na verdade, serve como curiosidade. E incentiva estudos internos de projeção estratégica de cada instituição.
Um recorte foi feito entre os 25 primeiros colocados do Campeonato Brasileiro de Natação e o número de atletas inscritos, segundo informações da CBDA.
O número de pontos alcançados pela equipe foi dividido pelo número de atletas inscritos. O resultado, garanto, surpreende sempre.
Assim sendo, os 10 mais eficientes passam a ser: 1- ASSOMAL/AL (176/2) 89; 2- CNRAC (ES) 86,5; 3- AMERICANA (SP) 74,81; 4- SESI (SP) 62,83; 5- AJINC (SC) 55,14; 6- SWIMMERS (GO) 55; 7- ATLEF/NINA (MA) 54,2; 8- FLAMENGO (RJ) 41,87; 9- SERC-SC (SP) 41,79; 10- PINHEIROS (SP) 40,69.
Na verdade, a eficiência deveria ser realizada com base em um estudo mais aprofundado entre a população de cada Estado, o número de atletas registrados nas federações estaduais de natação, a participação do número de instituições e atletas nos Campeonatos Brasileiros. Depois seria analisada a produção técnica de cada uma das instituições.
A realidade nos leva para um outro cenário.
Os percentuais de crianças com até 14 anos e idosos com mais de 65 anos colocam o Norte em uma ponta, e o Sudeste em outra. O resultado técnico é exatamente o contrário.
O Sudeste representa 75% de eficiência e a região Norte apenas 5%. Seis estados não participaram do Campeonato Brasileiro de Infantil: Acre, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima e Tocantins – 4 Estados da Região Norte e 2 da Região Nordeste.
No Norte, as crianças são 25% da população, e os idosos, 7%
Já no Sudeste, as crianças são 18% da população, e os idosos, 12%.
Faltam estudo, projetos efetivos e vontade política.
#natacao #criancas #demografia #eficiente
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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