Avaliação dos resultados na base da natação
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 29/DEZ/2023
A revista Journal of Science and Medicine in Sport, da Australia, de dezembro de 2021, avalia em um artigo, que aproximadamente dois terços dos nadadores seniores de elite não atingiram o nível elite durante a sua carreira júnior.
E sugere que os programas de identificação e desenvolvimento de talentos que lidam com jovens adolescentes devem considerar alternativas ao desempenho como o principal critério de seleção.
Ou seja, as análises (que poucos se propõem a fazer) devem ir para além dos resultados e classificações dos nadadores em classes menores.
• •
Ainda, que as políticas de identificação de talentos devem implementar estratégias para favorecer a retenção de atletas que possam ter um desempenho de elite nas classes iniciais. Foram estudadas performances de 131 países.
O artigo ratifica alguns conceitos já conhecidos: as nadadoras de classe internacional (750) e de classe nacional (650) apresentam patamares de desempenho mais cedo do que os nadadores do sexo masculino.
No entanto, para se tornarem finalistas de classe mundial (850), tanto os nadadores masculinos como femininos têm de melhorar continuamente o seu desempenho até à idade adulta, ou seja, aos 21 anos.
A interferência na seleção de talentos, o acesso às instalações e o conhecimento atualizado entre os treinadores são fatores potenciais que impactam o desenvolvimento do desempenho.
Os tempos de prova são apenas o resultado líquido do processo de treino, que estudos futuros deverão avaliar em relação ao desenvolvimento do desempenho. Idealmente, a quantidade e a qualidade da prática de natação deveriam ser consideradas nesses estudos.
Ou seja, os resultados em classes menores devem atuar mais como registros.
Só saberemos, na realidade, se um nadador foi o melhor na classe menor alguns anos depois: se ele conseguir chegar à elite.
Face à complexidade de fatores, os resultados na base são relativos.
Não há como supervalorizar ou criar uma expectativa que vá além de um prognóstico embasado em vários fatores: maturação, evolução das medidas antropométricas, experiência pré-competitiva, programa de treinamento compatível com a idade, expertise do técnico, condições de treinamento, apoio, foco, disciplina, aspiração do nadador…
#natacao #resultados #BASE
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
Divulgação ISE – Reprodução autorizada pelo autor
O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(s) autor(es).