“O diferencial está entre as orelhas”
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 30/DEZ/2023
Para alguns atletas, os Jogos Olímpicos já começaram. Na verdade, eles nunca terminam. Após Toquio 2021, no outro dia, já estavam se concentrando para Paris 2024.
Como isso acontece?
Pelos próprios resultados que eles vão construindo entre uma edição e a outra, pela expectativa deles próprios, da comunidade, familiares, amigos e da imprensa.
Não é fácil ter os olhos do mundo voltados para você.
Somente 3 nadadoras no mundo, conseguiram estar no topo do Ranking Mundial nas ultimas 3 temporadas (2021,2022 e 2023): a americana Katie Ledecky (800 e 1500 m nado livre) e as australianas Ariarne Titmus (400 m nado livre) e Kaylee McKeown (200 m nado costas). Nenhum atleta masculino conseguiu esta façanha.
Para administrar essa situação, é preciso força mental. A habilidade cognitiva e emocional de reformular pensamentos negativos e circunstâncias adversas, fatores que auxiliam a resistir às influências internas e externas e que podem enfraquecer a autoconfiança e bem-estar.
Para a maioria dos nadadores, a ideia de ser mentalmente forte é algo em que só pensam durante a competição.
Com o sucesso que Ledecky alcançou, ela poderia se aposentar hoje e ser considerada uma das maiores de todos os tempos. Formada em Psicologia, ela sabe da importância da saúde mental e declarou: “Acho que a saúde mental e a saúde física andam de mãos dadas”.
Ledecky e os outros campeões sabem que a continuidade do sucesso e a confiança na competição, precisa ser construído com muito trabalho e desafio na prática diária. A vontade de competir, a relutância em perder e sua aceitação do desafio. E não apenas o desafio no dia da competição, mas o desafio do treino.
É muito positivo que os atletas estejam na discussão do tema, lembrando que não há problema em pedir ajuda ou dar um passo atrás e priorizar o que acha importante, para fazer o melhor cada dia.
Bruce Gemmel, antigo técnico de Ledecky afirmou que não há formula mágica. Tem trabalho, dedicação, foco, concentração. Hoje, ela treina com Anthony Nesty.
E que o grande diferencial de nadadores como Ledecky e Phelps “está entre as orelhas”…Força mental.
#natacao #forcamental #desafio #Paris2024
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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