É preciso muito mais do que bater recordes
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 23/JAN/2024
O que fazem os nadadores que bateram recordes de Michael Phelps, em classes menores? Michael Phelps bateu seu primeiro recorde americano age group aos 8 anos de idade e bateu recordes em todas as classes por que passou.
Hoje, ainda resistem as seguintes marcas: 13/14 anos – 200 m nado borboleta – 1,59,02; 400 m nado medley – 4,24,77 – 17/18 anos – 200 m nado livre – 1,45,99; 100 m nado borboleta – 51,10; 200 m nado medley – 1,55,95 e 400 m nado medley – 4,09,09.
O nadador americano Justin Lynch, em junho de 2013, quebrou o recorde da faixa etária de Phelps nos 100 metros borboleta aos 14 anos.
O que ocorre, quase que de imediato quando um fato desse acontece? Matéria direta na internet e nos veículos de comunicação: “Surge um novo fenômeno…”
Os recordes são batidos porque tudo evolui: os métodos de trabalho, os incentivos, a raça humana, a tecnologia de apoio, a própria sociedade…
Além disso, não há nada que possa assegurar que alguém vá se transformar em fenômeno. A mídia vulgarizou o termo fenômeno com muita facilidade.
Muitos quebraram o recorde de Phelps. Ninguém conseguiu sequer se aproximar do ele construiu.
Phelps foi o nadador mais novo a quebrar um recorde mundial, com 15 anos. Phelps conquistou 28 medalhas olímpicas, 23 de ouro.
Mas, ninguém aprende. Essa é só uma das muitas histórias reais que acontecem sempre. O desejo incrível de vender sonhos a qualquer custo.
Isso vale para qualquer atleta jovem do mundo todo. Calma, há muito mais o que fazer do que quebrar recordes nas classes menores.
Quanto à Lynch, sua carreira foi assim, na prova em que quebrou o recorde de Phelps, 100 m nado borboleta (tempo e classificação no Ranking Mundial): 2013 – 52,75 (58); 2014 – 53,21 (96); 2015 – 52,91(82); 2016 – 52,43(49); 2017- 52,20 (38); 2018 – 52,29 (52) e 2019 – 52,68 (104).
Lynch foi medalha de bronze no Mundial Junior de 2013, empatado com outro americano (Matthew Josa), 53,27. Prova em que o brasileiro Pedro Vieira ficou em 2º com 53,17. A prova foi vencida pelo japonês Takaya Yasue, 53,01.
As esperanças americanas, hoje, recaem sobre Thomas Heilmann, Carson Foster e Maximus Williamson, que também quebraram recordes de Phelps.
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Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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