Formação e sobrevivência
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 25/MAR/2024
Os atletas de natação de base no Brasil geralmente são de classe média, estudam em escolas privadas e são provenientes das capitais.
Os clubes de natação estão concentrados nessas regiões, o que dificulta o acesso para atletas de outras localidades.
A participação em competições e campeonatos acarreta em altos custos para os pais, que muitas vezes precisam recorrer a rifas ou doações para cumprir com a logística insana de um país de dimensões continentais.
Por exemplo, em um Campeonato Brasileiro de Infantil, gastos com passagens aéreas, acomodações e alimentação durante uma semana.
Além de custos com treinamentos diários, mensalidades, escola, equipamentos, musculação, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta e massagens.
Isso gera uma pressão extra para os atletas, que acabam desistindo devido ao estresse. E pressão também para os técnicos, por um resultado a curto prazo.
A seleção acaba sendo mais pela condição financeira do que pelo talento, interferindo na formação do atleta e tornando o processo injusto.
Em 2021, 70,4 milhões de crianças e adolescentes (entre 0 e 19 anos) residiam no Brasil. A região Sudeste possuía o índice mais baixo dessa população com 29,9%. A Região Norte é quem tem a maior população nessa faixa etária: 41,6%.
No Campeonato Brasileiro Infantil de Natação, 74% dos pontos da competição foram alcançados por clubes da Região Sudeste.
Das 10 primeiras equipes classificadas, 6 são do Estado de São Paulo, 2 do Estado do Rio de Janeiro, 1 do Estado do Rio Grande do Sul e 1 do Estado de Minas Gerais.
Separados pela eficiência regional, os pontos conquistados pelas equipes ficaram assim divididos: 1- Região Sudeste – 74%; 2- Região Sul (14%); 3- Região Nordeste (8%); 4- Região centro-Oeste (3,5%) e 5- Região Norte (0,5%).
As equipes do Estado de São Paulo foram responsáveis por 44,14% dos pontos conquistados por todas as equipes do Campeonato.
Segundo a SOBRASA (Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático), a região Norte é onde há o maior risco de afogamento (4,7/100.000 hab.).
#natacao #formacao #afogamento #sobrevivencia
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
Divulgação ISE – Reprodução autorizada pelo autor
O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(s) autor(es).