Profetas do engano
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 12/ABR/2024
Após os Jogos Olímpicos de Tóquio, uma edição das Olimpíadas com tanta restrição, em função da pandemia, um artefato ganhou mais espaço ainda entre os atletas: o telefone celular.
Criou uma (quase) mania obsessiva de fotos, vídeos, stories, que já vinha crescendo.
Os atletas tiveram que se adaptar ao equilíbrio entre as competições e o tempo dispendido com redes sociais.
Embora exista a preocupação dos atletas em manter a aproximação com os fãs, as postagens nesses meses que antecedem os Jogos de Paris estão com conteúdo menos ufanista.
É um choque de realidade. Eles sabem que a disputa vai ser dura. O nível, nesse ciclo menor (3 anos), subiu para além das expectativas.
A maioria, consciente, não quer vender uma probabilidade de resultados sem garantias.
Isso vem acontecendo mesmo com os atletas mais renomados e experientes. Principalmente eles.
Evitam alimentar polêmica ou causar uma situação que desperte a ânsia maior de vitória em seus adversários.
Na natação, mais de 800 índices olímpicos já foram alcançados.
Simples competições ao redor do mundo apresentam vários nadadores fazendo tempos abaixo dos índices estipulados para Paris, sinalizando que a obtenção do índice é só uma simples formalidade.
A mesma consciência realística dos atletas não tem correspondência com as informações da mídia generalizada.
Não são eles que competem nem enfrentam os grandes desafios das arenas esportivas, mas colocam uma pressão incrível, quase que garantindo um resultado acima do possível.
São os profetas do engano e da hipocrisia. Quando os resultados não acontecem, o incômodo fica com atletas e técnicos.
Eles simplesmente mudam de assunto ou ajudam a criticar.
Qualquer assunto em esporte deveria estar exclusivamente focado nos Jogos Olímpicos de Paris. Com honestidade e ética.
#redessociais #esporte #expectativa #Paris2024
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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