As confusas interpretações do doping
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 19/ABR/2024
Em uma reportagem da revista SWIMSWAM, de 19 de abril de 2024, assinada por Sophie Kaufman, afirma que 23 nadadores chineses foram autorizados a competir nos Jogos Olímpicos de Tóquio, apesar de terem resultados positivos nos testes de doping devido à contaminação dos testes.
Detalhes da contaminação em massa foram divulgados na sexta-feira, 19 de abril, em um artigo do Herald Sun. A notícia acontece simultaneamente com a realização da Seletiva Chinesa de Natação.
O artigo alega que esses 23 nadadores testaram positivo para trimetazidina em um training camp realizado, meses antes do início dos Jogos de Tóquio.
As autoridades antidopagem chinesas (CHINADA) descobriram que os resultados do teste eram Resultados Analíticos Adversos (AAF), mas absolveram todos os nadadores sem quaisquer penalidades após descobrirem que as amostras foram sinalizadas como positivas como resultado de contaminação.
O Herald Sun relata que a Agência Mundial Antidopagem (WADA) e a World Aquatics (então chamada FINA) foram notificadas das amostras positivas; ambos concordaram que os resultados do teste foram causados por contaminação e não sancionaram nenhum dos atletas com resultado positivo.
A notícia é grave, alarmante e foge do nível de transparência desejado.
Desde que a trimetazidina (TMZ) foi adicionada à lista de substâncias proibidas da WADA em janeiro de 2014, vários atletas foram punidos por testarem positivo. Sun Yang (CHN) foi banido por três meses em 2014. Madisyn Cox (USA) recebeu inicialmente uma proibição de dois anos por teste positivo, reduzida para seis meses depois que ela rastreou o teste positivo até um lote de vitaminas contaminadas.
Afirma a reportagem que o TMZ é usado como medicamento para o coração fora dos EUA, mas não foi aprovado para venda nos EUA pela Food and Drug Administration.
Seria prudente, no mínimo, uma declaração pública dos órgãos competentes sobre o assunto para esclarecer e evitar acusações precipitadas.
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Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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