Entre a realidade e a ilusão
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 29/JUL/2024
Todos têm direito a acreditar em ilusões, menos os atletas.
Sonho é algo que você pode realizar. Ilusão é aquilo que você acredita que pode alcançar.
No esporte, não há espaço para mentiras, os resultados são claros, exigindo preparo, resiliência e disciplina ao longo de anos de treinamento intenso.
O ambiente competitivo é intenso, com a natação decidida por pequenas diferenças.
O sucesso requer anos de preparação intensiva, resiliência, disciplina e superação de limites físicos e mentais.
Caeleb Dressel destaca a importância de lidar com a pressão interna.
Quando ele disse que os americanos sabiam que a verdadeira pressão estava sobre eles mesmos, na seletiva americana, muitos ficaram surpresos.
O resultado da prova feminina dos 100m borboleta confirma a tese de Dressel. A prova olímpica foi vencida por duas americanas, Torri Huske e Gretchen Walsh. A terceira colocada da seletiva americana, Regan Smith (55,62), ficaria em segundo lugar em Paris. Melhor que sua compatriota Gretchen (55,63) e China Yufei Zhang, 56,21.
Treinar com os melhores, competir com os melhores, ser exigido todos os dias fazem a diferença.
Os americanos não têm todos os melhores resultados, mas apresentam um padrão diferenciado nos fundamentos de saídas e viradas.
A gestão também faz muita diferença. E administra o principal e os detalhes.
Resultado é coisa séria.
Para aliviar o desgaste de 3 horas de ônibus entre a Vila Olímpica, os Estados Unidos arrumaram um hotel ao lado da piscina em Paris, para colocar seus nadadores, entre eliminatórias e finais.
David Popovic, o romeno entre os favoritos dos 100m e 200m nado livre, também preferiu não ficar na Vila. Fez uma estratégia para melhor se concentrar.
A realidade vai impondo uma nova forma de planejar, eliminando as ilusões.
Calendário para cumprir tabela, competições internacionais fracas, planejamentos equivocados, treinamentos sem controle são ilusões.
“Não há nada tão inútil quanto fazer eficientemente o que não deveria ser feito”. – Peter Drucker.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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