O tamanho do problema
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 26/JUL/2024
O Comitê Brasileiro de Clubes, em um anúncio para divulgar o seu trabalho de apoio ao esporte brasileiro, acaba expondo uma realidade que mostra o atraso do Brasil nesse campo.
Apenas São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia, Espírito Santo e Distrito Federal contam com atletas na delegação brasileira em Paris.
A postagem acaba evidenciando que a prática esportiva não é uma realidade nacional.
62% dos atletas em Paris são de clubes da Região Sudeste.
Este diagnóstico corrobora a ineficiência de todas as instituições responsáveis pelo esporte no Brasil, a ausência de investimentos em iniciativas de base e a expansão de incentivos e captação de novos talentos em todo o território nacional.
O diagnóstico evidencia a carência de um programa nacional de esportes.
Cada órgão tem uma política desconectada com outras instituições relacionadas ao desenvolvimento esportivo.
Os projetos ajudam, basicamente, quem já tem uma estrutura. Os clubes menores, que formam atletas, têm seus atletas atraídos para os clubes que recebem investimentos mais elevados.
Além disso, os projetos contemplados não exigem metas a serem cumpridas, como o aumento do número de praticantes, o desenvolvimento esportivo e o aumento do número de atletas no ranking mundial.
O que acomoda a situação de crescimento.
Recebem o investimento, colocam os atletas nas seleções, mas quem cuida do alto rendimento?
Quem cobra os resultados?
Os Clubes que enviaram representantes para os Jogos têm São Paulo, com 119 Clubes, Rio de Janeiro, com 41 e Minas Gerais, com 34 Clubes, como principais.
Isso só mostra o tamanho do problema.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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