Fuga de resultados
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 30/JUL/2024
Terminadas as eliminatórias do quarto dia de competições na natação, ainda falta a grande conquista: o resultado.
A ausência de bons tempos, com a presença dos melhores nadadores do mundo, remete ao questionamento se um dos principais fatores não seria a piscina.
A piscina de Paris é mais rasa do que as piscinas dos Jogos anteriores, medindo apenas 2,15 m de profundidade, 85 cm a menos do que a piscina de Tóquio.
O fabricante da piscina de Paris é o mesmo dos Jogos do Rio de Janeiro e Tóquio, a italiana Myrtha Pools, dona da melhor tecnologia do setor.
A Myrtha fornece a piscina nas dimensões exigidas pelo comprador que, após o evento acreutilizam em projetos esportivos próprios.
Há muitas perguntas desse tema nas mídias sociais.
O 100m nado peito masculino apresentou o pior índice técnico até o momento.
O italiano Nicolo Martinenghi conquistou o ouro nos 100 metros peito no último domingo, com um tempo de 59,03 segundos, o pior tempo de medalha de ouro desde os Jogos de Atenas (2004).
Como comparação, sete nadadores ficaram abaixo de 59s na mesma prova em Tóquio. Martinenghi teria ficado em oitavo lugar há três anos.
O chinês Qin Haiyang, que tem 57,69s como tempo de inscrição, nadou para 58,93s na semifinal e terminou em sétimo na final com 59,50s.
Fazendo uma comparação entre a prova de 100m nado peito (masculino e feminino), nenhum dos oito finalistas, em cada gênero, melhorou sua marca de inscrição.
A média de piora maior foi no masculino (0,77s) que no feminino (0,46s).
Uma coincidência, se podemos chamar assim nesse caos, foi que as maiores pioras, em cada gênero, ocorreram com os nadadores chineses Qin Hayiang (piora de 1,81s) e Qianting Tan (0,98).
Nenhum medalhista, nas 10 provas disputadas, melhorou seu tempo de inscrição. A competição apresentou 3 recordes olímpicos até o momento.
Outros fatores podem estar interferindo nos resultados, como a distância entre a Vila Olímpica e a piscina, o ar ambiente (diferença entre a temperatura da água e o interior do Parque Aquático), problemas de saúde (o recordista mundial, medalha de prata Adam Peatty teve diagnóstico de COVID logo após a prova).
A luta por medalhas e melhores resultados continua…
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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