Parcialidade Olímpica
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 07/AGO/2024
Os jornalistas esportivos têm o direito de se tornar torcedores.
Mas não de distorcer as verdades.
É necessário perseguir a imparcialidade.
Apesar de todas as dificuldades, é necessário buscar ser imparcial, isento e objetivo.
Estamos chegando ao fim dos Jogos Olímpicos e as transmissões ficaram muito ruins.
Tanto na forma de locução quanto nos comentários.
É evidente que um evento como os Jogos Olímpicos causa impacto emocional.
Mas as lágrimas, lamúrias, gritarias e parcialidade dos jornalistas nas transmissões impediram qualquer explicação e análise precisa sobre os atletas em seus desempenhos.
Sem monitorar adequadamente os esportes ao longo do ciclo, geraram expectativas imprevisíveis, decorrentes dos interesses dos veículos de comunicação e dos patrocinadores.
Luca Kumahara, comentarista do esporte de mesa, foi uma das exceções. Preciso, didático, educativo.
Ex-atleta olímpico e amigo dos atletas, torcia sem distorcer.
O grande número de comentaristas que são ex-atletas resultou em um tom bastante informal, uma torcida mais entusiasmada do que o habitual, com uma ênfase maior nos atletas brasileiros do que na competição na totalidade.
As exceções se concentram nos eventos transmitidos sem brasileiros, com uma cobertura mais equilibrada.
Os eventos cada vez mais requisitados pelas televisões e os custos envolvidos na aquisição dos direitos de transmissão, levaram a uma cobertura jornalística que deixou de lado a objetividade, imparcialidade e criticidade próprias do jornalismo tradicional e se tornou mais promocional, visando promover o esporte como um produto a ser consumido pelos telespectadores.
A situação se agravou consideravelmente à medida que a internet passou a competir pela audiência da televisão por meio de streaming.
O aumento da concorrência aumentou ainda mais os eventos presenciais, especialmente os esportes, que possuem uma vantagem significativa em relação à internet devido ao seu delay menor.
Para quem quer ter uma cobertura mais jornalística e equilibrada, faltam opções. Sobram ufanismo, gritos, diálogos inconvenientes e um e outro desleixo ético.
E você, o que achou?
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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