Conspiração positiva
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 20/AGO/2024
A chance de conquistar medalhas em Campeonatos Mundiais e Jogos Olímpicos está ligada a uma boa progressão no ranking mundial alcançada desde a tenra idade, participação em inúmeras competições, desenvolvendo habilidades técnicas, físicas e mentais com um índice de progressão maior que regressão ao longo da carreira.
Durante as temporadas que antecedem as principais competições internacionais, quanto melhores forem os desempenhos e o progresso nos últimos 6 a 12 meses, maior será a chance de conquistar uma medalha.
Técnicos, equipe de apoio e instituições ligadas à natação usam esses resultados para alimentar programas de treinamento e desenvolvimento de atletas.
Tudo para estar no lugar certo, na hora certa e no momento certo. Mais: se sentindo muito bem física e psicologicamente.
Não é fácil combinar todos esses fatores.
Quantos nadadores fizeram seus melhores tempos na temporada, fora do momento da medalha?
Há exemplos históricos, como o dos Jogos Olímpicos de 1984, Los Angeles.
Na época, havia a Final A (8 primeiros classificados) e Final B (classificados entre o 9º e 16º nas eliminatórias).
Por um descuido estratégico, o alemão Thomas Fahrner foi parar na Final B, a 16 centésimos da Final A.
Thomas fez, na final B, o melhor tempo da prova, recorde olímpico (3,50,91). Entretanto, o campeão da prova foi o americano George Dicarlo (3,51,23).
Outro fator muito importante é estar preparado para quando a oportunidade chegar.
Quem poderia imaginar que a prova de 100m nado peito masculino teria como campeão em Paris em 2024, com o tempo incomum de 59,03, o italiano Nicolo Martinenghi, e que Adam Peatty (GBR) empatasse com Nik Finke (USA), em segundo lugar, com 59,05?
Não há uma fórmula mágica. O trabalho, o controle, o desenvolvimento e a preparação provocam uma conspiração favorável de fatores.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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