Seis por meia dúzia
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 05/SET/2024
A Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (CACOB) foi eleita para o ciclo Los Angeles 2028.
Entre os escolhidos, dois representantes dos esportes aquáticos: Gustavo Guimarães (polo aquático) e João Luiz Gomes Jr (natação).
O futuro do esporte depende das escolhas de hoje.
O esporte é um universo com características próprias, corporativo, onde todos disputam uma pequena parte de um todo, com poder para quem distribui e submissão para quem recebe, com a perspectiva de um futuro sem mudanças significativas.
Criar comissões protocolares, sem poder de decisão no esporte não resolve.
As eleições marcadas para 2024 nas confederações mostram um futuro de poucas alternativas.
A continuidade da estrutura político-administrativa do esporte sugere a permanência do manda quem pode, obedece quem tem juízo e o “vote em quem eu mandar”.
Para um país que se prende a observar os resultados sem se preocupar como eles foram construídos, é andar sempre dando voltas. As melhoras, quando acontecem, são pontuais.
Houve um maior investimento de recursos federais no ciclo olímpico, com equívocos na distribuição dos valores. A natação foi uma das que mais recebeu e teve o pior desempenho do século.
“O esporte deve apresentar um equilíbrio entre a prática desportiva de base e o alto rendimento, se realmente pretende uma sociedade mais igualitária, mais inclusiva, mais produtiva, mais saudável, e com mais cultura desportiva” (Luís Alves Monteiro).
As cobranças são pequenas, as entidades responsáveis tratam o “esporte” de forma diferente entre elas, sem um conceito único, sem um plano diretor.
Os ex-atletas olímpicos têm muito a acrescentar na progressão do esporte. Com a experiência, visão e empreendedorismo. Mas precisam estar em postos de comando.
Partimos para mais um ciclo olímpico.
A natação começa com um Campeonato Brasileiro em época equivocada, coincidindo campeonatos brasileiros com o campeonato mundial e uma convocação para um Campeonato sul-Americano com a participação na dependência de “desde que haja condição financeira” (conforme descrito no Boletim de Convocação da CBDA 213/2024).
Parece um ciclo que troca o seis por meia dúzia.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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