A natação é um mistério
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 16/SET/2024
A natação é um mistério.
Às vezes, os resultados não podem ser explicados somente por fatores técnicos.
Ser um bom técnico é desafiador, assim como ser um bom pai ou responsável. As orientações são flexíveis, já que cada criança é singular.
É importante estar atento à discussão e evoluir constantemente. A incerteza é parte do processo, tanto para os pais quanto para os treinadores.
Para chegar às Olimpíadas, muitas coisas em um espaço de tempo relativamente longo (10 a 15 anos) têm que dar certo.
Muitas decisões devem ser tomadas “de forma correta” (e só podem ser vistas como corretas em retrospectiva) e a sorte e as leis da probabilidade também estão presentes no jogo.
Além disso, muitas crianças possuem habilidades físicas, mas poucas possuem habilidades mentais: equilíbrio, motivação e persistência para desenvolver as habilidades que recebem.
Como se chega aos Jogos Olímpicos? Treinando, treinando, treinando.
Como afirmou o psicólogo Howard Gruber, a diferença entre os ótimos e os excelentes não é o talento, mas um trabalho muito mais árduo e consistente.
Não se supervaloriza um garoto de 10 anos.
Nem há que ficar muito impressionado, nem elogiar demais os resultados obtidos – há que deixar espaço para quando eles melhorarem muito mais.
Mesmo que uma criança nade rápido para a idade, ela ainda é uma criança nadando, o nível de realização é muito baixo comparado a onde ela poderá chegar daqui a cinco ou dez anos.
A criança não deve ser tratada como um Superstar, porque quanto mais ela for tratada como um Superstar, menor a probabilidade dela se tornar um. Crianças mimadas não se fortalecem.
Com o avanço da internet, a quantidade de informações ruins disponíveis com um clique do mouse é esmagadora.
E não sendo um treinador, não estando imerso no esporte 24 horas por dia, não tendo muita perspectiva histórica sobre técnica e treinamento, o curioso não está em posição de julgar o que encontra.
Sugestão: Não criticar o time para pessoas de fora, não criticar o treinador para pessoas de fora, não criticar outros pais para pessoas de fora, não criticar os próprios nadadores para pessoas de fora, não criticar os nadadores dos outros para pessoas de fora. Se não conseguir encontrar nada de bom para dizer, não diga nada.
Palavras chave: Natação; Processo; Criança.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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