"Campeão" de natação
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 07/Nov/2024
A criança começa a nadar aos 6, 7 ou 8 anos.
Alguns demonstram um talento diferenciado desde cedo, conseguindo vencer as provas com folga.
Os treinadores — muitas vezes por insistência dos pais — aceleram a passagem da criança campeã no programa de treinamento para realizar cargas de treinamento maiores.
A criança continua a melhorar e aos 9 ou 10 anos está ganhando eventos estaduais e regionais – ficando entre os primeiros no Ranking nacional.
Ao passar pelo estirão de crescimento, a criança sente dificuldades em controlar sua estrutura física; sua força, flexibilidade, potência e velocidade na água mudam.
A criança para de vencer ou não consegue mais vencer com tanta facilidade.
Os pais transferem a criança para outro programa de treinamento, acreditando que o motivo pelo qual a criança não está mais vencendo é que o treinador está falhando de alguma forma.
A criança melhora um pouco com o novo treinador, mas logo retorna à sua péssima forma.
A criança tenta eventos de maior distância, programas intensos de preparação física ou alternativas para tentar recuperar a capacidade perdida.
A criança acaba abandonando o esporte na metade da adolescência.
O sucesso no desenvolvimento a longo prazo de um nadador depende da colaboração entre três elementos principais: Treinadores, Atletas e Pais.
Cada um desempenha um papel importante.
Os treinadores devem fornecer liderança técnica e criar um ambiente de aprendizado que favoreça o desenvolvimento das habilidades.
Os atletas, por sua vez, precisam se esforçar ao máximo, mesmo quando se sentem cansados ou desmotivados. Já os pais têm a responsabilidade de fomentar o caráter e valores essenciais nos filhos, como disciplina e honestidade, além de ajudar em aspectos práticos da vida.
Quando esses três grupos estão em sintonia, as chances de sucesso aumentam.
A criança não é uma campeã, mas um jovem ser humano desenvolvendo habilidades físicas, mentais e técnicas de forma sistemática para longo prazo.
Palavras chave: Natação; Criança; Longo prazo; Campeão.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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