Centro Nervoso
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 02/Dez/2024
O centro nervoso de uma competição de natação não está, propriamente, na piscina principal (de competição). A preparação final antes da prova, a configuração da estratégia, o último papo “cabeça” técnico/atleta, a sensação, o apuramento final, ocorrem no aquecimento.
A piscina de competição mostra o “produto final”, que depende, em muito, do aquecimento, da preparação prévia, física e psicológica do nadador.
Quanto melhor as instalações de aquecimento e soltura para os nadadores, maior será a contribuição para um bom resultado.
O aquecimento começa quando o nadador acorda. Horário correto, chegada na piscina com a devida antecedência, foco, determinação, disciplina, portar os materiais e equipamentos, evitar estresse desnecessário.
Um bom resultado depende de um aquecimento correto. O aquecimento é individual e depende de muitos fatores: alongamento (fora d’água), especificidade da prova, tempo antes da prova – alguns, dependendo do horário terão que voltar a aquecer, temperatura do meio ambiente, condições da piscina, adaptabilidade do nadador, verificação dos blocos de saída, viradas e marcações (piscina principal), número de provas na etapa.
A soltura (pós-prova) é tão importante quanto o aquecimento: ajuda na recuperação muscular promovendo o fluxo sanguíneo, o que auxilia o coração a remover o ácido lático dos músculos, retorno da frequência cardíaca e pressão arterial ao normal, reduz o risco de cãibras e lesões e prepara para as próximas provas e etapas da competição.
A soltura tem um volume de natação de baixa intensidade, o momento de hidratação e a conversa de análise com o técnico.
Nem todos fazem o aquecimento e a soltura necessária. Procrastinam e autossabotam.
Conforme o nadador vai avançando, ele vai se conhecendo mais e sabendo administrar melhor seu aquecimento e pós-prova. Tudo é um aprendizado.
A natação é um esporte decidido em centésimos, nos detalhes.
As equipes com maiores possibilidades e vontade política costumam armar, na piscina de aquecimento, um local próprio com massagista, fisioterapeuta, banho criogênico (gelo), biomecânico, auxiliares técnicos.
O que era privilégio das equipes de maior idade, já se pode constatar que essa filosofia já está sendo aplicada nas categorias menores, como no campeonato brasileiro juvenil de natação, em Uberlândia.
O nadador bem-preparado encara os monstros do desconhecido e assume o risco de dar certo e o de dar errado.
Se der certo ou errado, ele recomeça outra vez e quantas vezes forem necessárias.
Palavras chave: Natação; Aquecimento; Procrastinar; Autossabotagem.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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