Queimando a saída
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 04/Jan/2025
A opinião é particular, exercendo o direito de expressar a opinião.
O ano de 2025 é crucial para a elaboração de toda a periodização da natação com foco em LA 2028.
Devido a fatores culturais, a maioria dos nadadores focará os resultados nas competições que ocorrerão ao longo da temporada.
Em outras palavras, dividirão as etapas de preparação do ano conforme as datas de competições. Os treinadores planejarão os resultados dos nadadores nas competições estabelecidas, conforme a exigência das entidades que representam.
Para manter o direito ao Bolsa Atleta, os nadadores deverão manter a condição de pódio.
Em outras palavras, o calendário de competições afeta diretamente a estruturação anual e, consequentemente, o ciclo olímpico.
Isso se aplica a todas as categorias, desde a elite até a base.
A renovação requer espaço, tempo e planejamento.
A primeira fase da temporada deve ser focada em treinos mais extensos para estabelecer uma base sólida.
O calendário de competições a ser votado na próxima Assembleia da CBDA parece ir contra os princípios apresentados.
Ao encurtar a distância para os campeonatos brasileiros de classe, isso poderá interferir no trabalho de base da temporada e do próprio ciclo olímpico. A base aeróbica é expandida até os 16 anos, com pouca alteração de evolução nas idades subsequentes.
Os nadadores podem até mesmo, apresentar melhoras de tempo, em função de crescimento e maturação. Mas, a que preço? Pulando etapas?
Com relação ao Troféu Brasil, programada para abril, terá os impactos: a interferência no trabalho de base, pouco espaço para apresentar renovação e a adaptação dos nadadores que treinam e competem nos USA, em piscinas de 25 jardas (aprox. 23 m), e que somente irão iniciar os treinamentos em piscina longa a partir de abril.
Campeonato nacional forte se traduz em seleção nacional forte. Os últimos resultados das competições absolutas têm apresentado baixo resultado técnico e pouquíssima renovação.
A temporada de 2025 deveria ser idealizada com base no ciclo olímpico. Quer dizer, a apresentação do calendário deveria ser para todo o ciclo olímpico (2025 a 2028), como foi realizado de 2000 a 2016.
Queimar a saída não vale. É desclassificado. Importante é chegar na frente.
Palavras chave: Natação; Periodização; Ciclo olímpico.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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