Ciclo circadiano e performance
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 18/Fev/2025
As mudanças regulares nos estados mentais e físicos que acontecem em um ciclo de aproximadamente 24 horas são conhecidas como ritmos circadianos. Esses ritmos são controlados por um “relógio” interno cerebral, influenciado pela luz.
Ao penetrar nos olhos, a luz indica ao cérebro que deve interromper a produção de melatonina, um hormônio que leva ao descanso.
Uma pesquisa científica, revisada em 2024, revelou que a mudança circadiana exerce um impacto real no rendimento dos nadadores olímpicos.
A pesquisa estudou informações sobre as disputas de natação em quatro Jogos Olímpico (2004, 2008, 2012 e 2016).
Usando dados de eliminatórias, semifinais e finais, o estudo se concentrou apenas em atletas que avançaram para a final para tentar determinar a diferença que o horário do dia teve no desempenho.
Nove provas diferentes (masculino e feminino) foram usadas no estudo.
O modelo previu que o desempenho na natação seria pior no início da manhã (por volta das 5h) e melhor no final da tarde (por volta das 17h).
Os tempos foram mais rápidos nas finais, mas os dados também mostraram que o desempenho físico “foi significativamente afetado pela hora do dia”.
O que permitiu ilustrar esse ponto foi que as Olimpíadas de 2008 em Pequim tiveram finais pela manhã, enquanto os outros três Jogos tiveram a configuração tradicional – eliminatórias pela manhã e finais à noite.
A diferença entre eliminatórias e semifinais em Pequim foi de 0,60%, em comparação com 0,99% em Atenas e 0,93% em Londres.
O estudo conclui que o desempenho na natação foi significativamente afetado pela hora do dia, e que o desempenho ideal foi determinado no final da tarde.
Foi descoberto que, 40% das vezes, o efeito da hora do dia foi maior do que a diferença entre ganhar ouro e prata, 64% das vezes foi maior do que a diferença entre ganhar prata e bronze e 61% das vezes foi maior do que a diferença entre ganhar bronze e ficar em quarto lugar.
Outra nota relevante é que houve 9 horas entre as sessões em Atenas e Londres, e 13,5 em Pequim.
Mas, como as diferenças de desempenho entre as preliminares e as finais foram menores em Pequim, isso nos diz que os efeitos da hora do dia neutralizaram os efeitos benéficos do tempo de recuperação mais longo, incluindo uma noite de sono.
Palavras chave: Ciclo circadiano; Natação; Performance.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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