Inteligência artificial na ginástica
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 04/Mar/2025
As eleições presidenciais do COI serão realizadas em março de 2025, na Grécia, por ocasião da 143ª sessão do comitê, marcada para ser de 18 a 21 de março. O colégio eleitoral será composto pelos 115 integrantes do COI e Bach entregará o cargo ao seu sucessor ou sucessora em 24 de junho de 2025.
Entre os candidatos está o japonês Morinari Watanabe, atual presidente da Federação Internacional de Ginástica.
No vale-tudo da propaganda eleitoral, Watanabe deu uma entrevista on-line direto de um centro de treinamento de ginástica da Ucrânia.
Além da surpresa em realizar a entrevista em um lugar de conflito, ele teceu alguns comentários polêmicos e inovadores.
Watanabe salientou que os esportes devem ter uma análise de julgamento nas competições, de forma mais justa e transparente.
Ele é totalmente favorável a uma solução tecnológica.
Watanabe expôs: “Ao avaliar esportes, precisamos ser mais justos. Na verdade, enfrentamos um problema, não só na ginástica, mas também em muitos outros esportes. Por isso, comecei a defender um sistema de julgamento com Inteligência Artificial. Precisamos de tecnologia, e acredito que neste ano, no campeonato mundial de ginástica em Jacarta [Indonésia], teremos a oportunidade de observar como é o julgamento por meio da arbitragem com IA.”
Ele notou que as pessoas têm observações distintas, como na arte, moldadas por suas próprias culturas, que são sempre regionais, locais e pessoais.
No entanto, o julgamento nos esportes deve ser universal, baseado nos critérios das regras e não deve ser influenciado pelas origens e crenças individuais. É nesse contexto que a tecnologia pode exercer um papel relevante e imparcial.
Outro ponto polêmico é sobre o pagamento de prêmios a atletas. Ele acha que é prioridade investir em Comitês Olímpicos sem infraestrutura, investindo no verdadeiro desenvolvimento do esporte ao nível global.
Watanabe aparenta ser um futurista de pensamento livre e sua visão, conforme expressa, torna quase certeza de que ele será o primeiro candidato a ser eliminado na votação presidencial do COI em 20 de março.
Entretanto, assim como ocorre com outros visionários, não será surpresa se algumas de suas ideias se infiltrarem no pensamento do COI nos próximos anos, sobre especialmente o uso de inteligência artificial e um financiamento mais direto para o desenvolvimento em países que necessitam de instalações para estimular o crescimento do esporte.
Palavras chave: Esporte; Inteligência Artificial; Julgamento.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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