O lugar de autista é todo lugar. Inclusive no pódio olímpico
Data: 28/abr/2022
Por: Ricardo Nunes Borga
Segundo Francisco Paiva Junior, subchefe da Revista Autismo, o autismo — Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) — “é uma condição de saúde caracterizada por déficit na comunicação social (socialização e comunicação verbal e não verbal) e comportamento (interesse restrito ou hiper foco e movimentos repetitivos)”.
Existem muitos subtipos do transtorno. O termo “espectro” é usado pelos níveis de apoio que necessitam. Há desde pessoas com outras doenças e condições associadas, como deficiência intelectual e epilepsia, até pessoas independentes, com vida comum.
Pela dificuldade do diagnóstico, algumas pessoas nem sabem que são autistas.
O Dia Mundial da Conscientização do Autismo, 2 de abril, foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), no ano de 2007.
O mês de abril é dedicado à causa com objetivo de levar informação à população para reduzir a discriminação e o preconceito contra os indivíduos que apresentam o Transtorno do Espectro Autista (TEA).
O slogan desse ano é “O lugar do autista é todo lugar”.
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) atinge de 1% a 2% da população mundial e, no Brasil, aproximadamente dois milhões de pessoas.
O remador australiano Chris Morgan nunca deixou sua luta contra o autismo atrapalhar seu sonho olímpico.
Ele competiu nos Jogos de Pequim 2008, ganhou a medalha de bronze em Londres 2012 e representou a Austrália nas Olimpíadas Rio 2016.
Ele também foi campeão nacional e bicampeão mundial nas classes de sculls e de barcos a remo.
E Morgan acredita que sua atenção aos detalhes e sua obsessão por melhorar o tornaram um dos melhores do mundo.
Ele sempre soube que era diferente de seus colegas de remo e muitas vezes foi hostilizado e excluído. Na maioria das vezes, a maneira como ele se comunicava e o estilo diferente de interação com o grupo era mal interpretada.
Quando Morgan foi diagnosticado com autismo de alto funcionamento, aos 28 anos, as coisas começaram a melhorar.
Chris afirmou: “Eu vejo minha neuro diversidade como um dom e não como uma deficiência. Tem um custo, mas também tem um grande benefício.”
Hoje, ele ajuda nos projetos para inclusão de pessoas com autismo.
O surfe e o skate estão entre os esportes que estrearam nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
As duas práticas são esportes individuais que se baseiam no equilíbrio para suas manobras.
No caso da inserção dos autistas, o fato de serem esportes individuais já traz uma vantagem.
Alguns especialistas apontam como equívoco tentar inserir o autista em esportes coletivos. Esportes convencionais como futebol, basquete e vôlei vão apresentar maiores dificuldades.
O skate e o surfe geram atração para o autista por não demandar interação.
Permitem a criação de grupos de convivência, de tribos urbanas, mas permitem que eles convivam com suas vontades, necessidades, angústias, sem precisar dialogar com ninguém.
O surfe, o skate e eles.
O esporte é uma ferramenta de inserção social eficiente, rápida e com profundas transformações.
Traz mais que a medalha olímpica, a medalha de uma visa saudável, de inclusão e respeito.
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