A complexa pressão precoce
Data: 15/mar/2023
Por: Ricardo de Moura
O assunto é polêmico, complexo, vasto, mutável e com vertentes diferenciadas de pensamento.
Com o aumento no número de jovens nadadores alcançando resultados de altíssimo nível, alguns padrões de observação estão sendo contestados.
Motivado pelo amigo @+972 54-626-9258 que citou a “pressão dos pais por resultados precoces”, surge aqui uma reflexão. Na verdade, há pouca discussão sobre o tema.
Encontramos várias matérias com exaltação sobre resultados de nadadores com resultados precoces aos 11, 12, 13 anos, mas nenhuma análise. Nenhum acompanhamento longitudinal da vida do atleta.
Muitos nadadores experimentam um platô em algum momento de suas carreiras. Eles são rápidos quando mais novos e podem nunca mais diminuir o tempo.
A adolescência também pode ser um pesadelo para muitos deles, com treinos mais longos e maçantes e desempenhos medíocres em competições. Os platôs podem ocorrer em qualquer idade, com nadadores com maior ou menor habilidade.
Os platôs são frustrantes e uma das causas do abandono precoce. É preciso entender esses momentos e suas causas.
1. O treinamento excessivo do nadador em faixa etária menor pode ser uma das principais causas do platô. O correto seria a aplicação de um processo de treinamento crescente em jovens nadadores, até um treinamento mais intenso quando estiverem melhor preparados física, fisiológica e psicologicamente. A qualidade sobre a quantidade deve ser a bússola para os pais desde o primeiro dia. Não há pressa em fazer o filho de 9 anos nadar 5.000 metros por sessão de treino. A variação de atividades no início é importante: 3 sessões de natação e 2 sessões de outro esporte. Por que não?
2. Especialmente para as meninas, as mudanças corporais que acompanham essa fase de crescimento e desenvolvimento podem alterar a vida esportiva. Para alguns, a puberdade traz os tão esperados surtos de crescimento e desenvolvimento muscular. Para outros, a puberdade pode ser o fim de grandes quedas de tempo e velocidade fácil.
3. Não há nada mais frustrante do que não conseguir melhorar nas provas que você considera as melhores. Experimentar nadar outras provas pode ser uma boa alternativa.
4. Ninguém consegue controlar tudo ao mesmo tempo. Durante um platô, é interessante focar nas coisas que o nadador pode controlar: o movimento subaquático, a técnica de nado, a saída, a virada, a respiração, séries melhores que os companheiros de raia…pequenas vitórias que ajudarão a aliviar o estresse do momento.
5. Confiar em si mesmo e no técnico. Conversar, trocar ideias e nunca desistir.
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