Silencioso, rápido e progressivo
Data: 16/jul/2023
Por: Ricardo de Moura
O assunto é polêmico. A visão é muito particular.
Nos últimos tempos podemos observar uma forma de gestão centralizada no esporte brasileiro.
Há quase que uma exclusiva dependência dos recursos públicos e uma gestão com interferência direta do Comitê Olímpico do Brasil e do Comitê Brasileiro de Clubes.
Isso pode transparecer que existem algumas vantagens: maior controle, uniformidade de procedimentos e decisões, uma razoável comunicação vertical (canal de streaming, aplicativos, etc), facilidade no controle e decisões, menor desperdício e diminuição na duplicação de tarefas.
No entanto, esse tipo de gestão cria um campo de desvantagens: as decisões são tomadas longe da área do problema – decisões eminentemente técnicas são resolvidas longe de quem atua no campo, o fato de ter um recurso destinado provoca uma acomodação em criar estratégias de evolução da modalidade, perda sistemática da identidade da instituição que comanda o esporte, no caso brasileiro, as Confederações.
Acredito na força e independência das Confederações. Como foi até bem pouco tempo atrás. O COB atuava como suporte das Confederações.
Havia total autonomia para os gestores principais de cada Confederação, maior agilidade na tomada de decisões, criatividade e vontade política na solução dos problemas específicos do esporte, menor dependência e interferência nos problemas internos e exclusivos, otimização dos recursos, maior motivação, política de captação e desenvolvimento de novos atletas, proximidade maior com clubes, comissões técnicas e federações.
Embora as decisões sejam um pouco mais lentas, elas têm o poder mais assertivo. Cada esporte tem um mundo particular e específico de atuação. Os desafios, o ambiente competitivo, os oponentes, as regras, as condutas e as formas de disputa são diferentes.
Os desafios vencidos levaram os dirigentes brasileiros a ocuparem cargos elevados nas Federações Internacionais, o que contribuiu diretamente no desenvolvimento de cada modalidade.
Alguma falta de uniformidade era, então, discutida no COB com a avaliação frequente dos planos estratégicos de cada esporte, com reuniões frequentes com suas comissões técnicas e de gestão.
A falta de atuação eficiente das instituições que dirigem o esporte só vai ser revertida com gestão qualificada nos órgãos que dirigem cada modalidade do esporte brasileiro.
O processo de perda nos resultados esportivos é silencioso, rápido e progressivo.
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