“Esqueceram de mim
Gotas de reflexão
Por: Ricardo de Moura
Data: 29/SET/2023
Trabalhar com logística esportiva não é uma tarefa fácil.
As delegações esportivas, principalmente em viagens internacionais, têm vários e complexos problemas.
As entidades responsáveis devem estar atentas e prepararem um planejamento de viagem visando preparação e recepção dos atletas, documentação, plano de voo, ckeck in e cheque out de voos, transporte, check in e check out de hotéis, divisão de quartos, alimentação, distribuição de responsabilidades, disposição da equipe multidisciplinar, horários de treinamentos, competições, refeições, reuniões, informação e, importante, recepção e redistribuição dos atletas para o retorno às suas origens.
Muitas delegações são compostas por atletas menores de 16 anos.
A Lei nº 13.812/2019 é taxativa: para viajar só ou com um adulto sem grau de parentesco, o indivíduo menor de 16 anos só pode sair da cidade onde mora se apresentar autorização emitida por um juiz da Vara da Infância e da Juventude.
Em um país de dimensões continentais como o Brasil, os atletas saem de diversos locais, em voos nacionais, para se juntarem em um aeroporto específico (normalmente Rio ou São Paulo), onde a equipe se encontra para o vôo internacional.
O problema ocorreu com a equipe de Juvenil de Águas Abertas, retornando do Campeonato Sul-Americano realizado na Argentina.
Helena Ferreira, de 15 anos, viajaria de Vitória para São Paulo, onde a equipe se reuniria e seria dividida em 3 grupos diferentes, cada grupo com um responsável da Comissão Multidisciplinar convocada. Helena ela estava no grupo sob a responsabilidade do Fisioterapeuta. A viagem seria realizada e, no voo de volta ela seria colocada no voo para Vitória, já que possuía autorização para voltar desacompanhada.
Só que o apoio do retorno não aconteceu. Helena ficou sozinha e o voo de volta foi cancelado.
A TAM, então, mandou que a menina pegasse um UBER e fosse para Congonhas. Em contato com os pais e o técnico @+55 27 99944-0123, que, assustados com o fato, impediram que a menina realizasse esse deslocamento.
Conseguiram que ela ficasse aguardando em uma sala da TAm, colocando em uma lista de espera para o próximo voo. Helena conseguiu chegar bem em casa.
Os pais e o técnico, aborrecidos, aguardam até hoje, uma satisfação da entidade responsável sobre o fato.
Que isso sirva de aviso para pais, atletas, técnicos e dirigentes sobre os riscos e responsabilidades sobre os deslocamentos de viagens esportivas.
#esporte #viagemdemenores #responsabilidade #cuidado
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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