“É a coragem que determina a altura, não as asas”
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 04/JAN/2024
O campeão olímpico Ahmed Hafnaoui e alguns outros nadadores da equipe de Mark Schubert e do auxiliar Fernandinho Soraggi, seguem treinando em altitude em Flagstaff (2000 metros acima do nível do mar).
O treinamento está previsto para 21 dias, terminando em 20 de janeiro de 2024.
O tempo de retorno da altitude anterior à primeira competição (mundial de Doha), inde alguns irão participar será de 22 dias.
Treinos de altitude em épocas competitivas são estratégias aplicadas por muitos atletas de diferentes países.
A equipe orientada por Schubert e Fernandinho tem utilizado uma variação de metragem e intensidade, de acordo com a adaptação de cada nadador.
As reações em altitude são individuais e modificam a cada dia.
Em altitude o ar é mais rarefeito (menor pressão atmosférica) e para conseguir oferecer oxigênio para o cérebro, os vasos sanguíneos dilatam, o que pode provocar dor de cabeça, náusea, tontura e diminuição da performance. Os tempos das séries e os intervalos são diferentes dos aplicados ao nível do mar.
A adaptação depende da alimentação, do descanso e da qualidade do sono.
Está terminando a primeira semana de trabalho do grupo em Flagstaff.
O grupo começou com um treinamento diário em torno de 5000 metros e foi subindo, chegando aos 8000 metros.
Nem todos cumpriram esse escalonamento. Alguns nadadores, que já apresentavam problemas físicos (qualquer distúrbio é potencializado em altitude), têm sido assistidos por médicos do local e não têm aumentado o volume na mesma proporção que os demais.
Isso independe da qualidade técnica do nadador. É uma reação individual, do organismo de cada um. O nadador que tem uma reação normal em um dia, pode não apresentar a mesma reação no dia posterior.
Equilíbrio é o nome do jogo.
Uma permanência adequada na altitude desenvolve uma série de alterações fisiológicas que melhoram o transporte de oxigênio. Essas adaptações visam aumentar o fluxo sanguíneo para compensar a redução na concentração de oxigênio e aumentar a concentração de hemoglobina.
O grupo tem intercalado duas sessões diárias de trabalho, intercalando com 1 dia de treinamento único, que serve como recuperação.
Um exemplo de uma série efetuada: 12×150 m de trabalho de braço, com intervalos variados e 5×800 m decrescente de 1 a 5 (melhorando o tempo a cada tiro de 800 m). Os melhores terminaram a série com o tempo de 8,30 (que pode ser considerado bom em se tratando da primeira semana em altitude).
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Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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