Falta de investimento e de lógica
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 28/JAN/2024
A formação de um atleta é extremamente complexa, envolvendo desde o acesso aos locais de formação e treinamento, custos com treinamento, mensalidade, registro, inscrição em competições, material, despesas de viagens para competição e deslocamentos, até aspectos como assessoria de carreira, planejamento, orientação profissional e assistência psicológica.
No resultado da Pesquisa Diagnóstica – Técnico de Natação, os resultados deixam claros vários pontos que interferem diretamente na formação do nadador brasileiro.
Mostrou que os clubes brasileiros formadores de atletas não estão integrados em um Programa Nacional de Natação que dê um direcionamento. Isso aliado à uma cultura imediatista e má alocação dos recursos, resultam em deficiência na formação dos esportistas.
As leis que garantem verbas do setor estão diretamente relacionadas com os esportes de alto rendimento, sendo mínima a verba destinada às categorias de base. É um reforço do topo da pirâmide, esquecendo a base e a qualidade de vida.
No Brasil, os clubes são a referência de treinamento, já que o esporte escolar é muito fraco.
A pesquisa mostrou que os principais problemas apontados pelos técnicos de natação são: salário, reconhecimento, falta de gestão, apoio financeiro aos projetos, estrutura e projeto esportivo deficiente.
A pesquisa apontou, também, que 46% trabalha sem o apoio de uma equipe multidisciplinar e 62,9% não têm assistente técnico.
Segundo dados da CBDA, São Paulo é o estado com o maior número de nadadores registrados (2152).
Além disso, das 4 competições das classes de base da natação brasileira (infantil, juvenil – inverno e verão), todas foram vencidas por clubes do estado de São Paulo, que foi também o estado com o maior número de clubes entre os 10 primeiros dessas competições.
Saiu o calendário de competições nacionais da CBDA para 2024: NENHUMA das competições de base será realizada no estado de São Paulo. O estado que mais contribui e mais investe na natação é o que paga mais caro para competir.
Nadadores e pais devem se deslocar para outros estados.
De 2021 a 2024, em competições de base (incluindo a classe o Junior), Recife recebeu 25% das competições (6) e Rio de Janeiro 20,8% (5). São Paulo, nesse mesmo período, recebeu apenas 2.
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Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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