A ciência na identificação de campeões
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 31/JAN/2024
Um dos temas colocados como lacuna de discussão identificados na Pesquisa Diagnóstica – Técnico de natação foi a aproximação com a Ciência.
Uma carreira bem-sucedida na natação depende de muitos fatores e de uma combinação complexa de fatores físicos, biomecânicos, fisiológicos e psicológicos, todos fortemente afetados pelo meio líquido (ambiente que o homem não vive).
E por fatores GENÉTICOS.
A natureza da natação competitiva é única, já que a maioria das provas competitivas dura menos de quatro minutos.
No entanto, os programas de treino têm uma natureza de resistência (muitas horas e muitos quilómetros de natação todos os dias), o que torna complexo classificar a natação como um esporte aeróbico ou anaeróbico.
O assunto é bem abordado em um artigo científico de 2022, “Características genéticas de nadadores competitivos: uma revisão” – Sigal Ben-Zaken, Alon Eliakim, Dan Nemet, Leonid Kaufman e Yoav Meckel.
O artigo salienta que “as variantes genéticas associadas ao desempenho da natação não estão necessariamente relacionadas às vias metabólicas, mas sim ao transporte de lactato sanguíneo (MCT1), ao funcionamento muscular ( eixo IGF1), ao dano muscular (IL6) e outros. O presente artigo revisa as principais descobertas sobre os 12 principais polimorfismos genéticos (localizados nos genes ACE, ACTN3, AMPD1, BDKRB2, IGF1, IL6, MCT1, MSTN, NOS3, PPARA, PPARGC1A e VEGFR2) relacionados ao desempenho da natação, enquanto toma em consideração o ambiente único deste esporte”.
O artigo sugere a leitura acompanhada da assistência de um especialista.
Nas considerações finais o artigo salienta que os nadadores, teoricamente, portadores do poliformismo IL6 devem preferir a natação; que qualquer aconselhamento genético deve ser interpretado com cautela.
E que resultados apresentados indicam que, apesar de características metabólicas aparentemente semelhantes, atletas de diferentes modalidades desportivas podem ser portadores de diferentes polimorfismos genéticos. Portanto, deve-se ter extrema cautela antes de agrupar diferentes tipos de esportes na pesquisa genética.
É importante saber que alguns países ligados à departamentos e instituições científicas estão desenvolvendo e aplicando a identificação de nadadores pela genética.
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Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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