Não muda a essência, muda o comportamento
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 19/MAR/2024
Começo o texto por uma resposta que recebo do Prof Wlad Veiga, que hoje está no Canadá, atuando como técnico de natação.
Vlad, em um comentário de um texto que escrevi afirma: “tudo bem aqui, uma outra visão da natação…”
É isso. Conheço bem essa situação por ter sido técnico, ter atuado na Federação Internacional de Natação por 12 anos, 27 anos como supervisor da CBDA e por conhecer a realidade de técnicos internacionais e de brasileiros que se lançaram a trabalhar em outros países.
Bons profissionais que deixaram para trás uma vida, familiares, amigos, atletas e hábitos para seguir um desafio, um sonho.
Carregaram com eles a essência – ideia central, o espírito, a competencia e o amor e dedicação pela natação.
Foram impelidos, por força de adaptação, a mudar de comportamento.
Abandonaram o paternalismo. Não existe o conceito “meu” nadador. Nadador é nadador, que está sob a orientação do treinador. Ponto.
Em vez da ideia básica de ser campeão, está o princípio da sobrevivência. É preciso atuar em uma equipe que possa sustentar os custos da piscina, do treinador, das atividades, do programa instituído pelo técnico e pela equipe.
Para sobreviver existem regras. Rígidas.
Horário, disciplina, comprometimento, assiduidade, pontualidade, cumprimento rigoroso do que é estabelecido. Não há “jeitinho”. Vale para o campeão e qualquer outro.
Não cumpriu, está fora. Vale a palavra do técnico.
Os brasileiros, após mudança da nova visão e do impacto de uma outra realidade, vão vencendo. Vencem porque são bons. Têm base, princípios, conhecimento adquirido e muita vontade, expertise, determinação e perseverança.
Além do mais, uma característica fundamental do treinador de natação brasileiro: muita sensibilidade. Ele é capaz de, com incrível rapidez, aplicar noções teóricas com efeitos práticos.
Não é fácil. Mudar o comportamento, primeiro de tudo, é preciso estar com uma mentalidade nova para encarar os desafios que surgem ao longo do caminho.
Autoconfiança, disciplina, autodeterminação. O estresse é inerente da profissão. Só muda a forma.
Muitos técnicos que são muito bons, poderiam se tornar ainda melhores se mantivessem a essência e mudassem o comportamento. E a visão.
O assunto segue em aberto…
#tecnicodenatacao #essencia #comportamento #sonho #mudancadevida
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
Divulgação ISE – Reprodução autorizada pelo autor
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