Falácia do “Arenque Vermelho”
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 09/ABR/2024
O termo “Arenque Vermelho” foi usado pela primeira vez em 1807 por William Cobbet, um jornalista que o utilizou para descrever informações falsas que eram passadas para enganar as pessoas durante a derrota de Napoleão.
O termo refere-se a um tipo de peixe (arenque) defumado e curado em salmoura que o tornava de cor avermelhada, com cheiro forte para confundir os cães ao seguir um rastro.
Nas transmissões esportivas, especialmente em anos olímpicos, surge o problema do “Arenque Vermelho”, onde os comentários muitas vezes não são imparciais devido a interesses pessoais.
Tentam confundir o telespectador com assuntos diferentes do que realmente importa.
Enquanto especialistas são chamados a apresentar opiniões e previsões, os comentaristas devem ser neutros ao observar e relatar os eventos.
Em situações de grande suspense, como finais acirradas de provas de natação, o excesso de informações pode confundir mais do que esclarecer. O silêncio, em certos momentos, pode ser mais impactante do que uma narração frenética.
Não se melhora a imagem de uma modalidade com mentiras ou meia verdades. Bom, é bom. Ruim, é ruim.
Da mesma forma, deixar de omitir um resultado que não foi bom é uma forma de agir com desonestidade com o público e a comunidade.
Essas estratégias são usadas com frequência por várias entidades esportivas e serviços de comunicação.
Inventam qualquer outro tipo de notícia para desviar o foco do fato que foi desagradável.
O cenário da natação em Paris apresenta-se com a probabilidade de alto nível técnico. Que foi sendo construído ao longo do menor ciclo olímpico da história (3 anos).
Isso, o mundo todo acompanhou. A hora de colher os frutos (ou não) está chegando.
Para quem omitiu fatos, não acompanhou a realidade do cenário mundial, criou um ambiente de expectativa acima do realizado, terá dois caminhos: valorizar um resultado enganoso ou usar a falácia do “arenque vermelho”, criando um assunto novo, desviando a atenção da realidade.
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#Paris2024
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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