O dia seguinte
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 12/MAI/2024
Um dia depois da seletiva de natação do Brasil, fica a reflexão sobre quem saiu ganhando e quem saiu perdendo.
Quem mais saiu ganhando, sem dúvida, foi Nicolas Albiero, único nadador que não tinha obtido índice antes da seletiva em um incômodo e confuso critério da CBDA.
Albiero, que tem dupla nacionalidade, brasileira e americana, pode ter a opção de nadar os Jogos Olímpicos pelo Brasil, já que a vaga pelos Estados Unidos teria uma dificuldade muito elevada. Na verdade, não foi uma questão de opção. Foi uma questão de lógica.
Diferentemente de sua irmã, que optou pela seleção americana. Gabi Albiero foi medalha de prata nos 50m nado livre nos Jogos Pan-americanos 2023, nadando pelos USA.
Depois de Albiero, quem mais levou vantagem foram os nadadores dos revezamentos classificados para Paris, que não obtiveram índices em provas individuais.
Há um número maior de atletas convocados para provas de revezamentos que nadadores em provas individuais. 7 em provas individuais e 11 em provas de revezamentos (11 desses atletas estiveram em Tóquio).
Mafe Costa sai fortalecida. Mesmo com índices estabelecidos antes das eliminatórias, ela fez melhor tempo que os índices olímpicos nas provas de 200m e 400m nado livre, estabeleceu novo recorde sul-americano na prova de 200m nado livre e recorde brasileiro na prova de 800m nado livre.
Aliás, Mafe demonstrou que a evolução é possível e real.
Na seletiva olímpica de 2021, Mafe fez 2,02,10. Em 2024, fez 1,56,37, novo recorde sul-americano. Em 2021, ela tinha 4,18,75. Em 2023, fez 4,02,86, 4º lugar no Mundial de Doha e fez 4,06,11 na seletiva (abaixo do índice olímpico).
Ao nível de equipe, quem mais levou vantagem foi a Unisanta, campeã do torneio pela primeira vez, que soube aproveitar a oportunidade de reunir atletas de ponta em um programa de provas enxuto (sem provas de revezamentos e de 50 metros nos estilos peito, costas e borboleta).
A Unisanta se valeu também de um inexplicável declínio técnico das equipes concorrentes e a perda de vários nadadores importantes.
Quem mais perdeu com a seletiva foi a natação brasileira, que presenciou um espetáculo de baixo nível técnico, sem renovação.
Das 28 provas do programa, somente 10 apresentaram resultados melhores que a seletiva de 2021 (há 3 anos), 1 recorde sul-americano, 2 recordes brasileiros e 2 recordes brasileiros de categoria.
#seletiva #natacao #brasil #Paris2024
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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