O ano todo com bons resultados na natação
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 26/MAI/2024
Os nadadores têm alcançado resultados incríveis ao longo de uma temporada, algo que contrasta com o passado e desperta interesse sobre a abordagem atual dos técnicos.
Historicamente, os nadadores costumavam atingir seus melhores resultados somente no final da temporada, enquanto nos eventos preparatórios distanciavam-se dessas marcas.
A menos de 60 dias dos Jogos Olímpicos de Paris, as competições continuam sendo palco de grandes talentos da natação, que estão obtendo ótimos desempenhos.
Essa situação é positiva tanto para a modalidade quanto para os atletas, pois os resultados são atrativos para os eventos e motivadores para os nadadores.
Alguns especialistas sugerem que esse novo panorama pode ser resultado da aplicação da periodização reversa, um método que prioriza fases de alta intensidade sem alongamentos excessivos, pulando diretamente para a etapa mais intensa do planejamento.
A periodização reversa é o processo de completar fases de alta intensidade sem muito desenvolvimento de outros sistemas – essencialmente, pulando a fase de preparação mais longa na periodização.
Basicamente, é um trabalho de muita técnica e natação rápida no início – desenvolvimento de técnica e velocidade no início da temporada.
A técnica é a base da velocidade. É preciso usar técnica e depois rapidez porque não dá para administrar uma qualidade que ainda não tem.
Após construir uma base de velocidade e técnica, o trabalho visa construir lentamente a capacidade aeróbica e o metabolismo completo, sempre usando a velocidade como ponto de controle ao longo da temporada para garantir que ela não tenha grandes alterações.
Pesquisadores e treinadores concordam que, embora a periodização reversa funcione para nadadores que treinam para provas de 200 metros ou mais, ela parece ser mais eficaz para um grupo mais amplo de atletas de 200 metros ou menos. Porém, o modelo tradicional não pode ser esquecido. Muitos aplicam um híbrido.
O bom senso sugere que este modelo não deve ser aplicado a crianças que nadam de forma diferente quando correm, independentemente da técnica.
O desenvolvimento dos atletas melhora em ritmos diferentes, e permitir que eles usem todos os seus sistemas de energia antes da temporada dá às crianças a oportunidade de ir mais rápido no início e no meio da temporada, o que pode comprometer o final da temporada e as temporadas subsequentes.
Só uma coisa não muda: que tudo muda.
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Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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