Elevando o nível da discussão
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 15/JUL/2024
Paris foi a nona Olimpíada consecutiva em que os EUA lideraram a contagem total de medalhas e de medalhas de ouro na natação em Jogos Olímpicos (28 medalhas – 8 de ouro, 13 de prata e 7 de bronze).
Em uma análise fria, Rich Perelman, no site da Sports Examiner, elevou o nível de discussão e não achou que foi tão satisfatória assim a atuação americana e deixa um alerta.
O total de 28 medalhas dos EUA foi o menor desde 2004, quando também ganharam 28 e caíram drasticamente as medalhas de ouro, o menor desde Seul (1988).
Perelman cita ainda que 3 das 8 vitórias americanas vieram de provas de revezamento, cinco em provas individuais: dois de Katie Ledecky (800m e 1500m na do livre), Torri Huske nos 100 m borboleta feminino, Kate Douglass nos 200 m peito e Bobby Finke com um recorde mundial nos 1.500 m livre masculino.
Na discussão sobre a queda de rendimento do time americano e procurando buscar caminhos, Perelman entra na discussão da periodização de trabalho.
Ele aponta que houve uma queda acentuada de resultados entre a seletiva americana e os Jogos de Paris. Nas seletivas americanas, 7 nadadores fizeram marcas para liderar o ranking mundial, mas somente Katie Ledecky conseguiu vencer a prova.
O índice de melhora de tempos entre a seletiva e a natação em Paris foi o mais baixo dos últimos 3 Jogos Olímpicos: Rio 2016 (57,7%), Tóquio 2021 (51,8%) e Paris (30,4%).
Somente 17 resultados em 56 participações.
A equipe masculina dos EUA, ao comparar os desempenhos americanos nas finais das seletivas com a última rodada alcançada em Paris – sejam eliminatórias, semifinais ou finais, apenas quatro desempenhos em 28 foram melhores.
Perelman também faz uma análise da equipe australiana e chega a números igualmente negativos e propõe um estudo mais apurado sobre a data de seletiva e preparação. Guerra da periodização.
Os resultados são consequências.
O diagnóstico é, cada vez mais, profissional e abrangente. O planejamento já começou.
“Se quiser derrubar uma árvore na metade do tempo, passe o dobro do tempo amolando o machado”. – Provérbio Chinês.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
Divulgação ISE – Reprodução autorizada pelo autor
O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(s) autor(es).