Uma nova forma de acompanhar os resultados esportivos
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 19/AGO/2024
Um dos legados da natação nos Jogos Olímpicos de Paris foi permitir uma visão mais ampla dos resultados esportivos.
Observamos que 97% dos medalhistas estavam entre os 10 primeiros tempos de inscrição, que a média de idade dos atletas medalhistas foi de 23,8 anos e que 8 nadadores entre os medalhistas da natação não estavam entre os 100 primeiros do Ranking Mundial no início do ciclo olímpico.
Mostrou, mais uma vez, que o homem é ruim em fazer previsões. Só acertaram o óbvio.
O medalhista mais jovem no masculino foi Tomoyuki Matsushita (JPN), 18 anos, que, no início do ciclo olímpico, com 15 anos, estava em 77º no Ranking Mundial. Já, o mais velho entre os que não estavam entre os 100 primeiros do Ranking Mundial era Casper Corbeau (FRA), com 19 anos no início do ciclo olímpico.
Summer McIntosh foi a nadadora mais nova a vencer uma prova e a ganhar medalha, 17 anos, e no início do ciclo olímpico, com 14 anos, não estava entre os 100 primeiros do Ranking Mundial.
Os mais velhos a conseguirem a medalha de ouro foram Cameron McEvoy (AUS) no masculino e Sarah Sjostrom (SWE) no feminino, ambos com 30 anos.
Também compreendemos que isso é apenas uma observação. A medalha olímpica é imponderável e é praticamente impossível fazer uma equação matemática correta.
Tivemos a chance de observar que a posição no Ranking Mundial é a mais importante observação durante o percurso.
Medalhas em competições regionais (Sul-Americanas, Pan-Americanos), têm pouco impacto na conquista de medalhas olímpicas. E as competições em Piscina Curta, inclusive o Mundial, devem ser analisadas de forma cautelosa.
Uma avaliação mais significativa ocorre nos Campeonatos Mundiais de Longa, com cenário competitivo mais próximo aos Jogos Olímpicos.
Muitos nadadores não conseguiram repetir ou melhorar suas marcas nos Jogos Olímpicos, o que comprometeu a possibilidade de medalhas.
Começa agora uma nova guerra. A da periodização.
Não é só ter qualidade técnica para atingir a medalha olímpica, mas ter a melhor identificação de talentos, planejamento, periodização, apoio, controle, preparação e seleção de eventos classificatórios até os Jogos Olímpicos.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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