Como é construída a medalha brasileira
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 23/AGO/2024
Durante os Jogos Olímpicos, as críticas sobre o desempenho dos atletas brasileiros costumam surgir nas redes sociais, levantando questões sobre a estrutura e os salários no esporte.
No entanto, a falta de informação sobre como o financiamento esportivo funciona é evidente.
As principais fontes de recursos são a Lei de Loterias, que destina recursos diretamente aos comitês olímpico e paralímpico do Brasil e às confederações de cada esporte; a Lei de Incentivo ao Esporte, que é semelhante à Lei Rouanet, por renúncia fiscal para apoiar projetos esportivos; e o Bolsa Atleta, que garante remuneração mensal a atletas.
Em Tóquio, o país teve os seus melhores resultados, muito fruto do que foi sendo construído para o ciclo dos Jogos do Rio 2016.
Até 2000 – Sydney – o Brasil havia participado de 17 Olimpíadas e conquistado 66 medalhas – 12 ouros, 19 pratas e 35 bronzes.
Os recursos destinados mudaram o jogo. Nas seis olimpíadas seguintes – de Atenas, em 2004, até Paris, o país conquistou 102 medalhas: 28 ouros, 30 pratas e 44 bronzes.
O mecanismo mais antigo de financiamento do esporte de alto rendimento no Brasil é o direcionamento de recursos da loteria para o orçamento do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e de outras organizações menores.
Por meio dos comitês, parte dos valores é distribuída para as confederações que compõem cada um deles. Assim, as loterias também beneficiam as entidades que gerem cada um dos esportes olímpicos.
Dados obtidos pelo Avante/UnB mostram que, entre 2003 e 2023, as loterias repassaram para o esporte mais de R$ 8,1 bilhões em valores sem correção monetária. Só em 2023 foram R$ 883 milhões em recursos para as entidades beneficiadas.
Como reforço, em 2004, foi criado ainda o programa Bolsa Atleta, que tem como objetivo proporcionar aos atletas que alcançam bons resultados a possibilidade de obter uma fonte de renda estável e manter a dedicação aos treinos e competições.
Desde o início dos pagamentos, em 2005, o programa pagou R$ 1,77 bilhão em bolsas para 37.595 atletas de todas as categorias.
Seguiremos discutindo o assunto…
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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