Gestão, dinheiro e medalha
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 18/SET/2024
O dinheiro está ligado ao sucesso esportivo.
Medalhas custam caro, e há levantamentos sobre quanto cada país ganha em pódios em relação ao seu investimento.
A Caixa Econômica Federal (CEF) firmou um acordo para ser a patrocinadora principal do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
O montante do patrocínio será de R$ 160 milhões, sendo R$ 120 milhões provenientes diretamente da Caixa e R$ 40 milhões das Loterias Caixa, empresa ligada ao banco.
O acordo vai de setembro de 2024 a dezembro de 2028, incluindo, portanto, as Olimpíadas de julho de 2028 em Los Angeles.
Ou seja, 52 meses de duração. Pouco mais de três milhões de reais por mês.
No início de um ciclo olímpico, os recursos são essenciais para controlar custos e garantir o sucesso de uma organização. Um dinheiro que parece ter vindo antes do plano estratégico (?).
Um plano estratégico é fundamental para orientar a equipe, gerenciar recursos de forma eficaz e tomar decisões acertadas.
Sem um plano, a organização corre o risco de enfrentar desafios, confusão na priorização e desperdício de recursos.
Além disso, a falta de visão estratégica pode dificultar o crescimento e a adaptação às mudanças futuras. Investimentos públicos estruturados são essenciais para garantir a credibilidade das confederações esportivas e atrair investimentos privados.
A natação brasileira tem perdido forças de forma sistemática nos últimos anos.
Teve o pior resultado do século em Jogos Olímpicos, 51% dos atuais recordes brasileiros em piscinas de 50 metros foram alcançados de 2009 a 2017.
Em 2024, apenas 3 nadadores figuram entre os 10 primeiros do Ranking Mundial e foram batidos somente 5 recordes brasileiros.
As federações e clubes apresentam dificuldades em atrair novos filiados e não conseguem manter a sequência desses atletas nas categorias que se seguem.
Os Campeonatos Brasileiros Absolutos apresentam queda técnica de resultados com uma geração envelhecida.
Há muitas dúvidas sobre quem poderá chegar a Los Angeles com chances reais de medalha.
Quando o dinheiro sozinho não resolve, pode ser necessário entender que ele não é a única solução e que uma boa gestão é fundamental.
Palavras chave: Esporte; Gestão; Recursos.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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