Gastos demais, resultados de menos
Gotas Aquáticas
Por: Ricardo de Moura
Data: 18/Out/2024
Como uma organização calcula o seu desempenho, pode ser enganosa.
Ela pode imaginar que está crescendo, que os resultados são bons e que há dinheiro para todas as ações com base nos seus relatórios.
A realidade pode ser diferente.
A principal razão para o sucesso dos países que mais conquistam medalhas é planejar não para onde está o resultado, mas para onde estará o resultado.
O Comitê Olímpico do Brasil anunciou que pretende investir 265 milhões de reais em iniciativas das federações olímpicas brasileiras no ano de 2025.
A verba a ser distribuída é um recorde e equivale a um aumento de 17,8% nos recursos do ano passado.
Para evitar equívocos recentes, seria relevante responder às perguntas: onde está, aonde vai, como vai, recursos, principais ações, controle, metas?
Como exemplo, os projetos de natação poderiam apresentar os projetos, com base em dois tópicos de desenvolvimento: o aumento do número de atletas registrados e o aumento do número de atletas no Ranking Mundial.
Com ações, metas, controle e transparência.
Recursos são vitais para atingir os resultados. Planejamento estratégico é o caminho.
Sem um plano estratégico, a organização pode ignorar suas próprias forças e fraquezas e não avaliar as oportunidades de forma adequada, com decisões estratégicas equivocadas e resultados insatisfatórios.
Se, mais uma vez, as verbas forem distribuídas sem um critério que corresponda às necessidades, vamos discutir o mesmo assunto no final de 2025.
A nova gestão se mostra alinhada ao compromisso de aumento da base e de critérios de avaliação e controle mais rigorosos.
No esporte, frequentemente se confunde ter dinheiro com gastar de forma desenfreada.
A natação foi das modalidades que mais receberam recursos, com o pior resultado do século em Jogos Olímpicos.
Gasta-se demais com resultado de menos.
Prioridade em ostentar a verba conquistada, em vez de semear crescimento a longo prazo.
A gestão esportiva no Brasil precisa desenvolver uma habilidade melhor de aplicar e administrar adequadamente os recursos.
Palavras chave: Esporte; Recurso; Gestão; COB.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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