O destruidor silencioso do esporte
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 08/Out/2024
Após os Jogos Olímpicos, surgem dúvidas sobre o progresso das entidades esportivas.
A passividade pode prejudicar essas organizações ao criar um cenário de estagnação, resultando em um declínio.
Essa inércia, que reflete uma falta de reação, impede ajustes necessários em processos que, embora pareçam eficientes, podem não ser suficientes no futuro, diante das mudanças de mercado e evolução das expectativas da comunidade e da tecnologia.
Ao deixar de avaliar e aprimorar seus sistemas, as organizações facilitam a instalação de ineficiências, que, com o tempo, se tornam uma grande barreira ao desenvolvimento.
Os resultados deixam de aparecer, não há renovação de atletas, técnicos, dirigentes nem de torcedores.
A visibilidade vai diminuindo, os patrocinadores desaparecem.
A situação do esporte brasileiro atual contribui para a passividade.
Os recursos são distribuídos de forma aleatória, sem critérios condizentes com a realidade do esporte internacional, sem necessidade de metas e resultados.
E, o pior, sem incentivo ao trabalho de base e sem contemplar o país na totalidade.
Acomodação total. Fato que inibe a análise crítica.
Até o momento, não há, de forma pública, nenhuma avaliação ou reflexão sobre o resultado de Paris. Não houve avaliação concreta de quase nenhuma entidade esportiva.
A descontinuidade administrativa também contribui. Eleições a cada 4 anos, sem um plano diretor de longo prazo. Tudo pode mudar.
Depois de um ciclo olímpico, é hora de voltar todo o processo para o nível zero e reconstruí-lo.
Isso requer uma abordagem mais ampla e deliberada, onde você desconstrói cada elemento do sistema e o analisa de forma crítica.
Ele continua segundo os seus objetivos? Ele está simplificando ou agora está atrasando você?
Essa etapa requer tempo e esforço, mas é crucial para evitar a estagnação e garantir que os processos da sua organização sejam dinâmicos e adaptados às mudanças.
Principalmente na Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, recebedora de grande parte dos recursos públicos com o pior resultado do século.
Palavras chave: Esporte; Organização; Passividade.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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