A Culpa é do Técnico
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 04/Out/2024
A função de treinador no esporte é antiga e sempre esteve presente em diversas civilizações.
No início do século XX, o papel do treinador não era destacado e baseava-se principalmente na experiência como atleta.
Após a revolução industrial e a Segunda Guerra Mundial, essa função passou a ser valorizada, com ênfase em formação universitária e experiência prática, respeitando as normas do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF).
O esporte ganha significado quando integrado à vida.
Os Jogos Olímpicos em Paris impactaram milhões ao redor do mundo.
Apesar disso, um personagem que tem participação direta nos resultados conquistados foi muito negligenciado – o técnico esportivo.
Esses profissionais precisam de competências específicas para lidar com os desafios nas competições, desenvolvendo-se ao longo do ciclo olímpico de quatro anos.
Quando os resultados não aparecem, a decisão quase sempre é a mesma: culpar o técnico. Estamos presos a um círculo vicioso cultural há décadas, que sabota trabalhos com grande potencial de longo prazo.
Na maioria das vezes, os resultados não aparecem por limitações estruturais das instituições. O técnico, de forma comum, é usado como escudo da administração, a linha de frente para resolver os problemas mais complicados.
Logicamente, o principal mérito da conquista das medalhas é dos atletas. Só que, atualmente, um atleta sem o apoio de uma equipe multidisciplinar tem sua tarefa de conquista muito dificultada.
Mesmo sendo um dos pilares na obtenção de resultados e das conquistas, o técnico não possui voz nem direito de voto nas principais instituições esportivas.
A eleição do COB, que elegeu a nova gestão, teve o fator decisivo do voto dos atletas (direito conquistado), mas não teve a força do técnico. A Comissão de Atletas do COB (CACOB) é inspirada na Comissão de Atletas do Comitê Olímpico Internacional (COI).
Exemplo que foi assimilado pelas Confederações de esportes olímpicos.
Mas, e a Comissão dos Técnicos?
Nenhuma plataforma contempla a criação da Comissão de Técnicos com voz de decisão eleitoral.
Palavras chave: Esporte; Técnico; Eleições.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
Divulgação ISE – Reprodução autorizada pelo autor
O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(s) autor(es).