Abuso Sexual no Esporte
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 01/Nov/2024
Conforme o projeto aprovado pelos senadores, entidades esportivas sem fins lucrativos que compõem o Sistema Nacional do Esporte somente receberão dinheiro público caso se comprometam a adotar medidas para a proteção de crianças e adolescentes.
Entre as obrigações dessas entidades, estão o apoio, inclusive financeiro, a campanhas educativas contra a exploração sexual e o trabalho infantil; a qualificação dos treinadores para a atuação preventiva e de proteção aos direitos de crianças e de adolescentes; a prevenção contra os tráficos interno e externo de atletas; e a instituição de ouvidoria para recebimento de denúncia de maus-tratos e de exploração sexual.
A proposta exige, ainda, prestação de contas anual perante os conselhos tutelares, os conselhos dos direitos da criança e do adolescente.
A violência sexual é uma realidade que permeia todos os esportes.
Vários fatores interagem de maneira complexa, sendo impossível determinar um único motivo para o aumento do risco entre os jovens.
Estudos mostram associações entre essa violência e questões organizacionais, sociais, dinâmicas entre treinadores e atletas, além de características do esporte e experiências passadas dos praticantes.
Fatores organizacionais e sociais que contribuem para o fato:
– A cultura de silêncio das organizações em relação à violência sexual.
– Tolerância e normalização da violência interpessoal no esporte por parte de atletas, pessoas interessadas no sistema esportivo, mídia e público.
– Não reconhecer a violência sexual entre a comissão técnica e atletas.
– Falta de controle dos pais sobre as atividades de seus filhos durante atividades esportivas, viagens, encontros e reuniões.
– Contratação sem avaliação prévia do comportamento.
– Não ter regras claras sobre os limites da relação treinador-atleta nas organizações desportivas.
– A carência de informação, treinamento e discussão por parte dos pais, equipe técnica e atletas sobre a violência sexual.
– A ausência de liderança organizacional para cumprir as medidas e a falta de coordenação entre os diversos setores afetados pelo problema.
– Não afastar imediatamente os profissionais com atuação comprovada de abuso.
Palavras chave: Esporte; Abuso sexual; Proteção.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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