A natação brasileira e os multinations
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 19/Nov/2024
A partir dos anos 90, o Torneio Multinations se tornou uma das principais competições internacionais para nadadores de categorias infantis e juvenis do Brasil.
O Brasil participava como convidado, a partir de uma indicação da Federação Portuguesa de Natação, com quem o Brasil mantinha relações extraordinárias.
Sempre disputado no início da temporada, o evento foi uma grande oportunidade para os jovens entrarem na seleção brasileira.
Inclusive, supria a falta do campeonato Sul-americano Juvenil nos anos em que não era realizado (ocorre somente a cada dois anos).
Praticamente todos os atletas que representaram o Brasil em alguma competição absoluta até 2017, de Campeonatos Sul-Americanos a Jogos Olímpicos, disputaram, quando adolescentes, pelo menos uma edição de Multinations.
Os eventos aconteceram anualmente na Europa, organizados pela LEN – Liga Europeia de Natação, para nadadores de 13 a 18 anos.
Sempre como convidado especial, o Brasil era o único da América Latina a participar do evento. E chegou a vencer o Torneio em diversas ocasiões.
Mas, o mais importante era colocar o nadador brasileiro da nova geração em contato com outras realidades e aprender a lidar com novos desafios.
Cesar Cielo, Poliana Okimoto, Ana Marcela Cunha, Thiago Pereira e Felipe Lima, todos medalhistas no Mundial de Barcelona, são alguns exemplos daqueles que tiveram no Multinations uma de suas primeiras experiências internacionais pela seleção.
A CBDA, a partir da gestão de 2017, abandonou a participação do evento.
Em 2024, a natação brasileira obteve o pior resultado do século em Paris.
Esse não foi o único problema a causar o estrago. Mas contribuiu.
O calendário internacional da nova geração da natação brasileira é um dos piores do planeta.
A gestão começa pelo planejamento, expertise, determinação e escolhas.
Palavras chave: Natação; Multinations; Jogos Olímpicos; Preparação.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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