Os pais e o processo psicologico
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 24/Nov/2024
GOTAS OLÍMPICAS: OS PAIS E O PROCESSO PSICOLÓGICO.
A maioria dos pais coloca os filhos em um esporte porque é saudável.
Aí, quando eles começam a se destacar, demonstrar habilidade, um técnico aconselha a treinar mais, o orgulho já não cabe no peito. Passam a postar tudo nas redes sociais, pódio, medalhas. Sem perceber, colocam expectativa. O adolescente entende que está ali para gerar conteúdo.
Alguns psicólogos defendem educação parental para que pais de esportistas saibam lidar com o sentimento dos filhos.
O esporte não é feito só de vitórias: tem dor, frustração e uma vida familiar transformada.
Ser atleta de elite não é para qualquer um.
Não basta ter talento, é preciso sentir prazer no processo.
Não é possível desenvolver um atleta de elite sem dar atenção para o suporte dele, que é pai, mãe e técnico. A figura do técnico é extremamente importante.
E muitos pais são despreparados para suportar as exigências que o esporte impõe no início da vida.
Em alguns esportes, como a natação, você precisa começar muito cedo e não é recomendado que se fale em alto desempenho com crianças e adolescentes.
Essa alta expectativa é uma das causas de abandono do esporte. Alto desempenho é para depois. A ideia da medicina do esporte é que crianças e adolescentes pudessem experimentar mais estímulos, tanto físicos quanto sociais, transitar num meio mais amplo de esportes para experimentar. Alguns clubes fazem isso. O atleta é uma formação, não uma habilidade específica.
Quando um filho demonstra grande interesse em algo e deseja se desenvolver nisso no tempo livre, é importante investir em um nível mais intenso apenas se fizer sentido para ele e se ele sentir prazer no processo.
Por vezes, sem perceber, os pais colocam expectativas nos filhos. Mesmo que a mãe diga que não impõe nada, as publicações nas redes sociais relacionadas ao desenvolvimento esportivo do filho podem mostrar o contrário.
A competição pode ser uma fonte de desenvolvimento de habilidades, mas se torna problemática quando o atleta perde o prazer em participar.
Mesmo após uma derrota, muitos tentam aprender com seus erros. A frustração é uma oportunidade de aprendizado.
É importante lembrar que os resultados nem sempre refletem o desempenho individual, pois fatores externos também influenciam.
É fundamental que os líderes da família mantenham seu bem-estar para guiar os filhos com tranquilidade e compreensão, evitando assim sobrecargas emocionais.
Palavras chave: Esporte; Pressão; Processo; Pais; Psicologia.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
Divulgação ISE – Reprodução autorizada pelo autor
O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(s) autor(es).