Competir em natação não é fácil
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 29/Nov/2024
Imagine vestir um traje de competição, ficar em pé em um bloco de saída diante de centenas de pessoas desconhecidas, mergulhar em uma piscina, em um meio em que o ser humano não vive (água), e buscar o melhor desempenho possível.
Não estamos incluindo nessa competição imaginária as horas de treinamento e sacrifício empregados para aprimorar o desempenho.
Nas arquibancadas, a grande maioria das pessoas, adultas, ignora esses detalhes.
Os pais desejam que seus filhos se desenvolvam ao máximo, apresentem seu potencial, mas ficam frustrados quando eles não conseguem fazê-lo.
Desejam compreender o motivo pelo qual eles não atenderam às expectativas.
Em certas ocasiões, pode ter havido uma falha qualquer. Isso pode acontecer com qualquer um.
Alguns, na imaturidade do esporte e da vida, podem ser traídos pelo estresse. Outros, não conseguiram, por razões diversas. Pode acontecer. Treino de menos, treino demais, falta de foco, ansiedade, falta de controle mental, não estar se sentindo no melhor momento na hora da prova, errar fundamentos de saídas e viradas…
A própria competição cria oportunidades para que o nadador possa se recuperar dentro dela mesmo.
Cada dia é um dia, cada prova é uma prova. Não carregar o que aconteceu em uma prova para a outra é a melhor opção.
A mudança só irá ocorrer se o nadador quiser que isso aconteça. Lutar até o fim.
No campeonato brasileiro de natação, o nadador juvenil 1 (15 anos), na prova de 200m nado livre, Matheus Ziliani, não conseguiu vaga na final A. Ficou com o 11º tempo das eliminatórias.
Na final B, fez seu melhor resultado pessoal e venceu a série com 1,56,77. Teria ficado em 3º na classificação geral.
Não foi o único caso. Acontecem com outros, inclusive com nadadores mais experientes.
O nadador, quando não se sente bem, tem a tendência de se desequilibrar. E perde o foco, a autoconfiança.
Grandes atletas sentem dores, desconforto, mas não perdem o foco. Fazem sempre o melhor que podem em todos os momentos. Isso vale para as sessões de treino. Dão sempre o máximo.
Natação é assim. Quando não consegue o melhor, aprende. Para o esporte e para a vida.
Palavras chave: Natação; Competição; Superação.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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