Ganhou, mas conseguiu perder
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 16/Dez/2024
Terminou o Campeonato Mundial de Piscina Curta em Budapeste.
Foram estabelecidos 30 recordes mundiais durante 6 dias de competição, divididos em 12 etapas.
Quem se beneficiou disso? A natação mundial e aqueles que pegaram carona no evento.
A World Aquatics, organização responsável pela natação global, executou sua função.
Realizou um evento global, implementou incentivos financeiros para alcançar resultados, deu destaque à modalidade e à instituição, demonstrou confiabilidade ao fornecer o retorno do investimento aos patrocinadores, criou acontecimentos interessantes com novos personagens, em suma, marcou a história e venceu a concorrência.
Pelo Brasil, Guilherme Caribé ganhou duas medalhas de prata (50m e 100m nado livre) e Caio Pumputis ganhou uma medalha de bronze (100m nado medley).
Infelizmente, o Brasil não conseguiu capitalizar esse resultado nem a visibilidade.
Em 6 dias de competição, apenas 4 sessões finais foram transmitidas ao vivo para o Brasil. O programado foi substituído por eventos de outros esportes.
Com o pior resultado do século em Paris, a natação perdeu significativamente sua credibilidade e visibilidade.
A entidade encarregada da natação no país coincidiu a data do evento com um torneio nacional de Junior e Sênior. Ela não deu prioridade às conquistas internacionais, dividiu o foco nos eventos.
Conclusão: ambos foram mal divulgados.
O SPORTV decidiu não transmitir os últimos dois dias de competições de natação, aproveitando-se do frágil momento da modalidade, o que resultou na ausência de cobertura de uma das medalhas conquistadas. Apesar de operar com três canais, a emissora não atendeu às expectativas, demostrando desrespeito por assinantes, atletas, profissionais e pela modalidade.
As instituições esportivas, por sua vez, enfrentam uma falta de gestão e planejamento em calendário e comunicação e se restringem a estratégias limitadas, sem conseguir alcançar um público maior e romper com sua zona de conforto.
Junta a fome com a vontade de comer. A natação brasileira, que ganhou, perde.
Palavras chave: Natação; Comunicação; Estratégia; Visibilidade.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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