Esporte de alto rendimento não é assistencialismo
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 17/Dez/2024
Com as transformações contínuas e velozes que acontecem nos universos físico e digital, torna-se desafiador acompanhar a velocidade das inovações. Nessa circunstância, as entidades esportivas precisam se ajustar prontamente para não serem abandonadas.
O Campeonato Mundial de Piscina Curta, o primeiro evento internacional da natação após Paris, demonstrou, com o melhor desempenho histórico, que a luta por medalhas em Los Angeles 2028 será árdua.
Um dos principais desafios nas entidades esportivas reside nos indicadores de desempenho das Federações e Organizações.
Isso, em última análise, é confirmado pelas entidades que administram o esporte no país.
No último ciclo olímpico, o montante investido no esporte de alto desempenho bateu um recorde. Por que os resultados não seguiram o ritmo esperado?
Porque o resultado está atrelado à administração, que por sua vez depende da definição e realização das metas da organização.
Os projetos do CBC, COB, Ministério do Esporte distribuem as verbas e não analisam os indicadores de desenvolvimento, em um processo sem a dinâmica necessária.
O esporte de alto rendimento não é uma forma de caridade.
Alguns indicadores que precisam ser observados incluem: a quantidade de atletas que praticam a modalidade; a conquista de medalhas nas competições esportivas mais importantes; a independência financeira; a transparência na tomada de decisões e gestão; a comunicação e o reconhecimento da sociedade; projetos de inclusão e a participação em entidades internacionais do esporte.
Na natação, deve haver um controle sobre a quantidade de nadadores e seu progresso, baseado no Ranking Mundial da World Aquatics.
Outro dado importante está no controle da qualidade das competições do calendário nacional.
Não é só prover os recursos para a realização, mas acompanhar as condições do local, número de nadadores, o desenvolvimento técnico e administrativo do evento, destaques, revelações. A essência do desenvolvimento da modalidade está na qualidade e resultado progressivo das competições nacionais.
Principalmente nas classes de Junior e Sênior, que há alguns anos não apresentam evolução.
Apontam para uma natação sem renovação.
Resultados que só garantem ao nadador a continuidade do auxílio do Bolsa Atleta.
Palavras chave: Natação; Indicadores; Análise; Evolução.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
Divulgação ISE – Reprodução autorizada pelo autor
O conteúdo do texto é de inteira responsabilidade do(s) autor(es).