Saindo da zona de conforto
Gotas Olímpicas
Por: Ricardo de Moura
Data: 05/Jan/2025
Nos últimos cem anos, os desempenhos olímpicos evoluíram consideravelmente devido à busca incessante por melhorias e ao desejo de sair da zona de conforto.
Esses sentimentos impulsionaram o desenvolvimento da ciência esportiva, com avanços em treinamento, nutrição, controle e recuperação.
Pesquisadores da Emory University e da University of Virginia, desde 2015, têm aplicado a física das leis de Newton e modelagem matemática para otimizar o treinamento de nadadores. Utilizando acelerômetros com giroscópios e medidores de força, os atletas realizam testes que geram “gêmeos digitais”, capturando dados muito mais detalhados do que os vídeos convencionais.
Kate Douglass, atleta olímpica duas vezes, concluiu o bacharelado em estatística em 2023 e está cursando mestrado na mesma área. Foi durante esses estudos que Douglass percebeu que estudar estatística também poderia ajudar a melhorar sua natação.
Com a ajuda dos especialistas, Douglass campeã olímpica dos 200m nado peito, não nadava essa prova.
Em seu primeiro teste, ela não nadou a prova em 2020, e seu melhor tempo era 2 minutos e 30,4 segundos. Poucas horas após compilar seu gêmeo digital, foi detectado que ela tinha tanto a habilidade física quanto a capacidade aeróbica para competir no nível mundial na prova de 200m nado de peito.
Em seguida, foram feitas as simulações e, por sua vez, foram fornecidas uma lista de objetivos e oportunidades se ela decidisse seguir o nado peito.
Douglass tomou a decisão de adicionar o nado peito à sua lista de provas e, após 36 meses de trabalho duro, ela se tornou a melhor nadadora de 200 metros peito da história americana e dos Jogos Olímpicos de 2024. Venceu em Paris com 2,19,24.
O processo é difícil tanto para o atleta quanto para o treinador. Com a ajuda do técnico Todd DeSorbo, treinador principal feminino dos USA nas Olimpíadas dos EUA de 2024, Douglass aprimorou sua técnica.
A abordagem quantitativa para análise de natação pode ser usada para formular metas futuras que podem se tornar realidade após meses e anos de treinamento permanente.
Mas, primeiro, é sair da zona de conforto e buscar sempre novas opções.
Palavras chave: Natação; Ciência; Tecnologia; Controle.
Ricardo de Moura
Gestor esportivo com mais de 40 anos de experiência em Projetos Esportivos.
Supervisor/Superintendente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos por 28 anos.
Participou de 7 edições dos Jogos Olímpicos, 7 edições de Jogos Pan-americanos e 25 Campeonatos Mundiais. Responsável por projetos que levaram à conquista de 10 medalhas olímpicas na natação. Integrante do Comitê Técnico de Natação da Federação Internacional de Natação por 12 anos.
Secretário-tesoureiro da Confederação Sul-americana de Natação.
Professor do Curso Avançado de Gestão Esportiva do Comitê Olímpico Brasileiro de 2009 a 2017.
Escritor do livro “Gotas Olímpicas” – 2022.
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