“O Brasil não está preparado para seletiva única” – Guilherme Guido
Por: Ricardo de Moura
Guilherme Guido, 36 anos, um dos maiores nadadores do nado de costas do país, 5 medalhas em Campeonato Mundial de Piscina Curta (2 de ouro e 3 de bronze), 7 medalhas em Jogos Pan-americanos (3 de ouro, 3 de prata e 1 de bronze), 2 participações em Jogos Olímpicos, 21 anos como nadador do E.C. Pinheiros.
Do alto de sua experiência – sua primeira seleção brasileira foi o Campeonato Mundial de Piscina Curta, em 2004, Indianápolis – mostrou sua decepção quanto aos problemas encontrados no Troféu Brasil, realizado na cidade de Recife, de 30 de maio a 3 de junho, em entrevista logo após vencer a última prova da competição, o 4×100 m 4 estilos.
Normalmente comedido, sempre discreto, disciplinado, líder natural de sua equipe, não se conteve e, diante dos acontecimentos adicionou uma pá de cal na crítica à organização e processo de seleção para o Mundial de Fukuoka: “O Brasil não está preparado para seletiva única”.
A declaração de Guido está respaldada na conquista de 9 medalhas olímpicas da natação. Somente as conquistas de Fernando Scheffer e Bruno Fratus, em 2021, teve seletiva única para os Jogos de 2021.
Uma exceção. São muitos os motivos para não ter seletiva única.
Os equívocos começam em realizar seletiva única com conflito de interesses: o nadador deve atender ao clube (maior número de provas para marcar pontos e participar de revezamentos) e os objetivos pessoais dos nadadores. Alto desgaste.
Local inadequado com água acima da temperatura exigida pela Regra da FINA. Os atletas também reclamaram da piscina de soltura.
Se um nadador de nível estiver doente no dia da seletiva, perderá a vaga.
Se um nadador de nível for desclassificado no dia da seletiva ou sofrer problemas em função de problemas de organização e condições precárias do local, perderá a vaga.
É o que poderia ter acontecido com nosso medalhista do mundial de 2022, Guilherme Costa, que só alcançou o índice por estar muito à frente da marca. Mas ele não gostou do que produziu e saiu bastante desgastado e insatisfeito com suas marcas.
Tentando consertar os problemas, a entidade responsável rasgou os critérios e vai convocar atletas para todos os revezamentos. Somente um dos revezamentos do Brasil conseguiu índice, o 4×200 m livre feminino.
Aí foi a vez de outro nadador experiente e de nível comentar sobre o assunto. Bruno Fratus, medalhista olímpico em 2021, afirmou: “a modalidade passa por questões como mentalidade e liderança, e não parte técnica.